"Creio que é importante esta afirmação: os trabalhadores nunca põem nenhuma forma de luta de fora. E é mediante as condições objetivas e subjetivas, é perante situações concretas, que decidem", declarou Jerónimo de Sousa aos jornalistas, durante a manifestação do 1.º de Maio da CGTP, em Lisboa.
A meio da avenida Almirante Reis, Jerónimo de Sousa foi questionado sobre uma eventual convocação de uma greve geral, possibilidade que não foi excluída pelo secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, em entrevista ao Diário de Notícias e à TSF, divulgada no domingo.
O secretário-geral do PCP referiu essa declaração de Arménio Carlos de que "todas as hipóteses estão em cima da mesa" foi feita em resposta a "uma pergunta de um jornalista", mas subscreveu-a: "Os trabalhadores nunca põem nenhuma forma de luta de fora".
Salientando que "quem decide das lutas, das formas de lutas, são os trabalhadores e as suas organizações", Jerónimo de Sousa considerou que existe um "anseio profundo dos trabalhadores de verem os seus salários, os seus direitos valorizados".
"De voltarem a ter o direito à contratação coletiva de uma forma plena, particularmente, revogando o princípio da caducidade", prosseguiu.
O secretário-geral do PCP defendeu que existe um "sentimento geral" entre os trabalhadores com vínculo precário de que "a um posto de trabalho permanente deve corresponder um trabalho efetivo".
"Creio que nada apaga os avanços que foram alcançados no plano dos rendimentos e dos direitos, mas existem aqui questões de fundo, e podíamos invocar até a Constituição da República, porque é tempo de repor direitos, de alterar as principais malfeitorias do Código do Trabalho. E existe naturalmente a responsabilidade política, designadamente do Governo", acrescentou.
Questionado se o PCP não é também um responsável da atual maioria, Jerónimo de Sousa contrapôs que "não existe nenhuma coligação, não existe nenhum acordo interparlamentar", mas sim "um Governo minoritário do PS", com o qual o seu partido assinou "uma posição conjunta".
O secretário-geral do PCP insistiu que "a luta não está dispensada", até porque aos trabalhadores "nunca nada lhes foi dado", e argumentou que a Constituição da República Portuguesa está ao seu lado.
"E é nesse quadro que nós consideramos que o Governo tem de responder a este anseio, que é também um princípio constitucional, de defender os interesses e direitos individuais e coletivos dos trabalhadores", concluiu.
Questionado sobre o artigo do primeiro-ministro, António Costa, hoje publicado no Diário de Notícias, para assinalar o Dia do Trabalhador, Jerónimo de Sousa respondeu que não teve "tempo de o ler".
Com o dirigente e deputado do PCP Francisco Lopes ao seu lado, Jerónimo de Sousa enalteceu esta manifestação da CGTP: "É um grande 1.º de Maio, não só de comemoração, mas de luta por objetivos concretos de defesa dos salários, da reposição de direitos, particularmente em relação à contratação coletiva, o combate à precariedade".
"Aqui está um belo exercício de cidadania, de luta dos trabalhadores portugueses que, comemorando, também estão em luta", acrescentou.
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