“Nós continuamos a considerar que isto não vai lá com boas vontades, não vai lá com medidas assistencialistas, isto vai lá, por exemplo, com o Orçamento do Estado, que depois das feiras começará a ser apresentado e discutido, se tiver em conta a realidade e as dificuldades económico-financeiras”, defendeu Jerónimo de Sousa.

Esta posição foi transmitida pelo dirigente comunista quando questionado sobre o pacote de apoio para mitigar os efeitos da inflação que o Governo vai apresentar na segunda-feira, no final de uma visita ao recinto desportivo da “Festa do Avante!”, no concelho do Seixal, distrito de Setúbal.

E acrescentou: é necessário aumentar salários e pensões e avançar com a “monitorização dos preços”.

De acordo com a edição de hoje do DN, o executivo socialista está a ponderar atribuir “um cheque de 100 euros às famílias” e fazer um adiantamento de uma parte do aumento das pensões que estava previsto para o próximo ano, através da atualização automático calculada com base no crescimento médio anual do Produto Interno Bruto (PIB).

Interpelado sobre os pontos de convergência entre PS e PSD em relação ao apoio de emergência para contrariar os efeitos da inflação nos bolsos dos portugueses, Jerónimo de Sousa advogou que pontos de encontro entre aquelas duas forças políticas lhe causam “sempre uma dúvida legítima”.

O membro da Comissão Política do Comité Central comunista acrescentou que vê a proposta apresentada na sexta-feira pelos sociais-democratas como “uma medida a prazo”.

“Não vai resolver coisa nenhuma”, frisou, observando que os 60 euros que o PSD propõe atribuir às famílias “são, de facto, insuficientes”, reconhecendo, contudo, que “ninguém pode estar contra apoios, por poucos que sejam”.

A 46.ª edição do certame político-cultural do jornal comunista e ‘rentrée’ do partido começou na sexta-feira e vai decorrer até domingo na Quinta da Atalaia.

O momento alto vai ser o discurso do secretário-geral, na tarde de domingo, que normalmente é utilizado para fazer críticas da governação do partido no poder — agora o PS com maioria absoluta — e reforçar as reivindicações dos comunistas.

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