Em declarações à agência Lusa, Carla Ferreira, assessora técnica da direcção da APAV, adiantou que só é possível, por enquanto, fazer um balanço provisório, uma vez que a associação continua a receber pedidos de ajuda, adiantando que a linha telefónica de apoio, criada especificamente para o evento, vai continuar em funcionamento até à meia-noite de hoje.
Esta linha telefónica, que funcionava 24 horas por dia, começou a funcionar no dia 26 de julho e termina hoje, dia 07 de agosto, continuando, no entanto, em funcionamento a linha telefónica da APAV, já com horário de funcionamento.
“É perfeitamente expectável que nós continuemos a receber pedidos de ajuda, eu diria, nos próximos tempos. Às vezes acontece que as pessoas só quando regressam a casa, quando estão, vamos dizer assim, em segurança, é que voltam ao contacto para pedir ajuda”, disse Carla Ferreira.
Razão pela qual acredita que possam chegar mais pedidos de ajuda durante as “próximas duas semanas”.
“Cada caso é um caso, portanto os canais comunicacionais mantêm-se abertos”, afirmou, acrescentado que, apesar de esta linha telefónica específica terminar hoje, continua a ser possível contactar a APAV por telefone, mas também por mail ou até nas redes sociais.
A APAV faz um balanço “claramente positivo” do trabalho durante a JMJ, tendo cumprido a missão a que se propuseram, e deu como exemplo as ações de formação que chegaram “seguramente a mais de 25 mil pessoas, contando com a formação de voluntários”, além da formação do comité organizador local ou dos chefes de equipa.
Carla Ferreira recordou igualmente o trabalho feito no terreno, com os “muitos quilómetros percorridos” tanto no Parque Eduardo VII, como no Parque Tejo para “lembrar e reforçar dicas de segurança aos participantes e aos peregrinos”.
Destacou, por outro lado, o cariz inovador, tendo em conta que “nunca tinha acontecido”, o de haver um serviço de apoio à vítima especializado, gratuito e confidencial, “num terreno, num espaço e numa actividade” como a JMJ, um evento de grande dimensão.
A responsável ressalvou também que a APAV contou com o trabalho de parceria que já faz todos os dias e de ligação institucional com vários parceiros, tendo reforçado essas ligações que já tinha, além de “estabelecer novas ligações”, nomeadamente com “congéneres internacionais”.
“O desafio foi grande, foi uma novidade também para nós, mas, para já, o balanço que fazemos é extremamente positivo”, frisou.
Acrescentou que os participantes da JMJ podiam contactar a APAV para denunciar qualquer tipo de crime ou qualquer forma de violência, desde crimes patrimoniais a situações de violência mais gravosa, nomeadamente contra a integridade física.
O apoio dado podia “ser mais prático, de orientação na articulação com outras entidades ou outras estruturas”, ou mais específico, por exemplo ao nível jurídico, com o “esclarecimento de direitos”, ou “apoio emocional e apoio psicológico”, também numa perspetiva mais de longo prazo, caso fosse necessário.
Segundo Carla Ferreira, “não houve propriamente surpresa no número de pedidos de ajuda e nem no tipo de situações” denunciadas, uma vez que a APAV se preparou para o contexto e fez uma análise prévia, apontando para casos como o de “falsos TVDE” ou de situações em que “os peregrinos ficaram sem acesso à alimentação”.
Carla Ferreira salientou ainda que o apoio dado pela APAV foi “uma resposta foi extremamente bem acolhida logo de início”, ainda na fase pré-jornada, não só em contexto de formação, mas também pelos próprios peregrinos e por quem beneficiou dessa ajuda.
A JMJ, o maior evento da Igreja Católica, realizou-se pela primeira vez em Portugal entre 01 e 06 de agosto, juntando um milhão e meio de peregrinos no Parque Tejo no sábado e no domingo.
Esta foi a quarta JMJ presidida pelo papa Francisco. A primeira, em 2013, foi no Rio de Janeiro (Brasil), no ano que foi eleito Sumo Pontífice. Seguiu-se Cracóvia (Polónia), em 2016, e Cidade do Panamá (Panamá), em 2019.
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