Com a Jornada Mundial da Juventude quase a chegar e a crise alimentar sempre presente, o Banco Alimentar Contra a Fome juntou-se ao maior evento de jovens numa campanha contra o desperdício alimentar.
Num comunicado enviado às redações, explicam que o objetivo é abraçar a sustentabilidade como um dos principais focos da sua ação – tendo por guia as encíclicas do Papa Francisco "Laudato Si" e "Fratelli Tutti", que convocam para o cuidado com a nossa Casa Comum, o planeta Terra – e procurando sensibilizar para o consumo e utilização responsáveis dos bens. Durante a JMJ, o Banco Alimentar vai assim promover uma campanha de sensibilização para o desperdício alimentar dirigida aos jovens de todo o mundo que participam no encontro.
O mote da campanha será: “Não desperdice: Partilhe!” (“Don’t waste: Share!”), e pretende chamar à atenção, de forma ativa, para uma questão que só poderá ser minorada com a vontade de todos, de acordo com a instituição.
Neste sentido, apela aos peregrinos para que coloquem todos os alimentos que não sejam consumidos, desde que embalados, em caixas especificamente concebidas para o efeito. Estes serão de seguida recolhidos pelo Banco Alimentar, devidamente verificados para garantir a segurança alimentar, e encaminhados para pessoas com carências alimentares comprovadas.
O Banco Alimentar sublinha que o desperdício alimentar é uma realidade com valores tão elevados que surpreendem e chocam qualquer pessoa, e destaca que todos os anos um terço da produção alimentar é desperdiçada no mundo, segundo os dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
Para Isabel Jonet, Presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome: “esta pode vir a ser uma das principais lutas mundiais, a par de outras estruturantes, como a fome ou a preservação do ambiente, até porque o desperdício alimentar acaba por convergir em ambas. No caso da destruição de comida que está em bom estado e que pode ser consumida, trata-se até de uma injustiça, quando há pessoas que dela carecem para viver. O alimento é um bem de consumo diferente de todos os outros precisamente porque é essencial para a vida”.
Para Carmo Diniz, do Comité de Organização Local da JMJ Lisboa 2023: "as palavras do Santo Padre, na encíclica Laudato Si, acerca da Cultura do Cuidado são inspiradoras e são o motor para este trabalho com o Banco Alimentar Contra a Fome. Com a consciência de que quando cuidamos do mundo com um sentido de solidariedade habitamos uma casa comum que Deus nos confiou, agradecemos toda a disponibilidade e empenho colocados nesta iniciativa do Banco Alimentar Contra a Fome".
Recorde-se que o desperdício alimentar é uma realidade crítica, com impactos a vários níveis (ambiental, económico e social), e a estratégia delineada para a Economia Circular pela União Europeia inclui este objetivo numa perspetiva integrada. Um terço da comida que se produz está condenada ao desperdício e 17% da comida é deitada fora ainda antes de chegar aos consumidores. O desperdício de alimentos é responsável pela emissão de gases de efeito de estufa equivalente à rede global dos transportes terrestres, contribuindo para o aquecimento global. Se este desperdício fosse aproveitado, seria suficiente para alimentar dois mil milhões de pessoas, o suficiente para dar de comer duas vezes a todos aqueles e aquelas que passam fome em todo o mundo.
Na Europa, cerca de 88 milhões de toneladas de alimentos são desaproveitados anualmente, com um custo estimado de 143 mil milhões de euros. Em Portugal, embora não existam dados oficiais, estima-se que 1 milhão de toneladas de alimentos sejam deitados para o lixo, o que daria para alimentar as 360 mil pessoas com carências alimentares no nosso país.
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