A União de Freguesias de Sacavém e Prior Velho, no concelho de Loures (distrito de Lisboa) situa-se a menos de um quilómetro do Parque Tejo-Trancão, local onde decorrerão as cerimónias principais da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

A seis meses da realização do evento, o presidente da União de Freguesias de Sacavém e Prior Velho, Carlos Gonçalves (PS), disse à agência Lusa que as expectativas “são altas”, mas manifestou-se apreensivo com algumas questões, nomeadamente com a possibilidade de aumentar a especulação imobiliária na zona e com a atual falta de acessibilidades.

“Uma questão que me preocupa muito é a questão imobiliária, que vai ser criada no âmbito e à volta disto tudo [JMJ] e que já está a aparecer. Vamos ter aqui o cuidado de acompanhar as pessoas que tenham contratos de arrendamento para fechar. Que seja fechado no âmbito do senhorio não contar com a JMJ, mas sim pelas pessoas que residem lá”, apontou o autarca.

Carlos Gonçalves referiu que a junta de freguesia vai disponibilizar apoio jurídico às eventuais vítimas da especulação imobiliária, adiantando que já chegou, pelo menos, um pedido de ajuda, de uma pessoa reformada.

“Temos uma situação em que já entrámos em contacto com o senhorio. Ele garante que não é uma especulação derivado da Jornada. Ele está disponível em renovar o contrato com a pessoa em questão, mas com um valor absurdo. Aquilo que eu lhe tenho dito é que não tenha em consideração a especulação imobiliária que existe em toda a área metropolitana de Lisboa, mas sim os rendimentos que a pessoa apresenta. É o mais justo”, observou.

Manifestando-se “bastante apreensivo” com o possível aumento destas situações, Carlos Gonçalves explicou que os serviços jurídicos da autarquia vão analisar as questões da perspetiva legal e da sensibilização dos senhorios.

“Estamos aqui a trabalhar como mediadores e vamos continuar a fazê-lo. Nota-se que já existem aqui umas movimentações que não existiam há quinze dias e que agora começaram a surgir”, disse.

A questão das acessibilidades é outra matéria que preocupa o autarca, que defende a necessidade de serem criadas alternativas.

“É público que já temos aqui nas horas de ponta dificuldades nos acessos. Todos os dias é caótico e existem muitos constrangimentos. O que eu sei é que a Câmara de Loures vai fazer um levantamento das alternativas, pois será necessário reforçar os acessos”, defendeu.

Relativamente aos impactos económicos da realização da JMJ na autarquia, Carlos Gonçalves considerou “muito cedo” para ter uma estimativa, mas disse acreditar que dará “um balão de oxigénio” aos comerciantes.

Ainda a este propósito, o autarca referiu que já foi feito um levantamento do comércio existente na freguesia para constar num roteiro que estará disponível nos quiosques informativos da JMJ.

“Esse levantamento está pronto e entregue. O que falta saber, concretamente, é o próprio procedimento da JMJ em dias muito específicos, com os horários. Até no intuito da Junta de Freguesia ter uma reunião com os comerciantes para que juntos nos possamos organizar”, sublinhou.

Carlos Gonçalves indicou ainda que vai ser disponibilizado o Pavilhão Desportivo do Prior Velho para acolher voluntários da JMJ.

A Jornada Mundial da Juventude, considerada o maior acontecimento da Igreja Católica, vai realizar-se este ano em Lisboa, entre 01 e 06 de agosto, sendo esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas.

As principais cerimónias da jornada decorrem no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures.

As jornadas nasceram por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.