O líder da Iniciativa Liberal, Carlos Guimarães Pinto, anunciou na quinta-feira que abandona a liderança do partido, considerando que a sua missão está cumprida no "dia histórico" em que a força política se estreou com uma intervenção no parlamento.
Hoje, em declarações aos jornalistas no parlamento, João Cotrim Figueiredo foi questionado sobre se poderia vir a assumir o lugar de Carlos Guimarães Pinto como presidente da comissão executiva e admitiu essa possibilidade.
"É uma possibilidade, não nego. Há muitas pessoas que o têm sugerido ou até recomendado. Eu poderei ser, enquanto deputado, o porta-voz, o comunicador, a cara de ideias que pertencem a muito mais pessoas. Como é que isso se organiza em termos de presidência do partido e o parlamento é a questão que eu estou a ponderar", respondeu o deputado.
João Cotrim Figueiredo lembrou que a articulação entre o partido e o parlamento "não era um problema" até agora porque a Iniciativa Liberal não tinha representação parlamentar.
"Devo dizer que estes primeiros dias de parlamento reforçam a ideia que eu tenho de que o trabalho político aqui é de tal forma intenso que, do ponto de vista de organização e de tempo, coloca desafios que eu acho que tenho algumas ideias de como resolver, mas quero discuti-las com as estruturas do partido, com o conselho nacional de dia 17 de novembro e que depois fará a marcação da convenção nacional, essa sim será eletiva", detalhou.
A única garantia que o deputado único deixou é que será "sempre, mas sempre, parte da solução que se encontrar para a liderança do partido".
"Simbolicamente fazia sentido, além de que o facto de hoje, no discurso de encerramento, se poder dizer que tivemos o anúncio da saída do Carlos, mas não tivemos mudança nas ideias que vamos defender", afirmou.
A reação genérica à saída do presidente, de acordo com o Cotrim Figueiredo, "é de tristeza porque o Carlos era não só um presidente do partido muito capaz, mas sobretudo muito querido", sendo "a alma do partido".
"Vamos ter um período em que temos que nos habituar a essa maior distância, embora ele continue a colaborar, mas depois vamos partir para outros objetivos com a mesma energia e eventualmente com uma organização um pouco diferente", admitiu.
Questionado sobre se teme instabilidade no partido com esta saída, o liberal foi perentório ao afirmar que não.
"Aliás acho que instabilidade é uma forma diferente de dizer mudança ou renovação e um liberal gosta muito de mudança e de renovação", destacou.
Para Cotrim Figueiredo, a saída do presidente "é mais uma forma de demonstrar que este, ao contrário de outros, é sobretudo um partido de ideias e não de pessoas".
"E mesmo agora que eu tenho a noção que há um mediatismo maior à volta do deputado que foi eleito, não quero que isso altere a matriz do partido", assegurou.
O deputado único remeteu a sua decisão final para o Conselho Nacional de 17 de novembro, que já estava marcado para Espinho.
"As pessoas que eventualmente tenham que saber por motivos práticos estamos em contacto diário nas estruturas do partido. Agora a solução que articula a presidência com a presença aqui na Assembleia da República, penso que devo partilha-la em primeira mão com as estruturas do partido", justificou.
Até essa reunião do partido, mantém-se tudo na mesma e Carlos Guimarães Pinto fica como presidente demissionário.
"Da forma como nós funcionamos, pode ser difícil de entender, mas não altera muita coisa", desvalorizou.
(Notícia atualizada às 16:06)
Comentários