O chefe de Estado angolano falava numa conferência de imprensa, em Lisboa, no final da visita de três dias que realizou a Portugal, tendo sido confrontado pelos jornalistas com o objetivo de travar fortemente o volume de importações de bens alimentares, face às potencialidades agrícolas do país.
“O meu mandato é de cinco anos, portanto é minha obrigação lutar no sentido de conseguir, ou pelo menos aproximar-me, desta meta ainda no primeiro mandato, se for possível”, apontou.
Admitindo voltar a concorrer ao cargo dentro de quatro anos, acrescentou: “Caso contrário, e uma vez que todos nós temos o direito de lutar por um segundo mandato, conseguir isso no segundo mandato [e último, se for o caso, por limitação da Constituição]”.
General na reserva, com 64 anos, João Lourenço liderou a lista do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) às eleições gerais angolanas de 23 de agosto de 2017, que venceu com 61% dos votos, tendo sido empossado em 26 de setembro do mesmo ano.
Tornou-se o terceiro Presidente de Angola desde a independência do país, em 1975, sucedendo a António Agostinho Neto (1975/1979) e José Eduardo dos Santos (1979/2017).
Em setembro último sucedeu, igualmente, a José Eduardo dos Santos na liderança do MPLA e desde então que as relações entre ambos se deterioraram, nomeadamente com a detenção do filho do ex-Presidente, José Filomeno dos Santos, e com as críticas públicas de João Lourenço à forma como a transição foi conduzida pelo anterior chefe de Estado.
No primeiro ano de mandato, o Presidente angolano afastou pelo menos 230 governantes, administradores de empresas públicas e altas chefias militares, a um ritmo de uma exoneração a cada dois dias, valendo-lhe a alcunha popular de “exonerador implacável”.
A informação resultou de uma análise anterior feita pela agência Lusa aos decretos presidenciais de exoneração publicados em Diário da República desde que João Lourenço tomou posse.
Quase metade destas exonerações envolveu altas patentes das Forças Armadas Angolanas ou das forças de segurança.
Em paralelo, desde que chegou ao poder, João Lourenço promoveu cerca de 400 nomeações, as quais, a par das exonerações, permitiram, no espaço de um ano, afastar do poder praticamente todos os que tinham sido nomeados, alguns poucos meses antes das eleições de agosto de 2017, por José Eduardo dos Santos, chefe de Estado desde 1979.
Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, foi a exoneração mais sonante, ao ser afastada, em novembro de 2017, do cargo de presidente do Conselho de Administração da petrolífera Sonangol.
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