“O Santo Padre não deixará de manifestar a sua proximidade e a sua preocupação para com as vítimas deste trágico fenómeno também aqui em Portugal”, afirmou o cardeal Pietro Parolin, na conferência de imprensa que antecede a peregrinação internacional aniversária de maio, que hoje começa no Santuário de Fátima, e à qual vai presidir.

Antes, o n.º 2 do Vaticano explicou que não pode ser profeta e, como tal, prever o que é que o Papa Francisco fará a este propósito, mas confirmou que o chefe da Igreja Católica, “em cada visita que faz, a cada país, sobretudo nos países onde este tema é um tema mais relevante, tem sempre gestos e tem sempre uma atitude que vai variando de visita para visita, mas que será feita”.

“Algum gesto que aconteça, será feito sempre, também, de acordo com os bispos de Portugal”, assegurou.

Questionado sobre o relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais Contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa, o cardeal salientou que “este é um caminho que tem de ser marcado pela verdade e pela transparência”.

“A resposta sobre esta questão dos abusos é uma resposta da Igreja local e, portanto, neste caso da Igreja portuguesa que fez as suas escolhas, que fez o seu caminho”, referiu, observando que “a responsabilidade acaba por ser da Igreja portuguesa”, referiu.

Ainda sobre a JMJ, confrontado com as críticas aos custos das infraestruturas, nomeadamente o altar, e se tal pode ensombrar o evento, o cardeal Pietro Parolin referiu que, “naturalmente, quando acontecem estes grandes eventos, há sempre custos associados, que são também investimentos”.

“Fazem parte não só deste evento, que é a Jornada Mundial da Juventude, mas aconteceram noutros eventos e noutras geografias”, assinalou, admitindo que “este tipo de notícias são coisas habituais na organização deste tipo de eventos”, que não alegram, mas “causam tristeza e sofrimento”.

“Houve também – eu tenho conhecimento disso – um diálogo com as entidades civis, com as autoridades, o que levou também a uma redução dos custos e das despesas associadas, e esse foi um diálogo que produziu frutos”, lembrou.

Pietro Parolin estabeleceu depois um paralelismo quando o Estado italiano ou o município de Roma fazem algum investimento na cidade que tenha a ver com o Vaticano, notando que há sempre meios de comunicação e uma opinião pública que apontam o dedo, “para dizer ‘como é possível que haja estes gastos”.

“No entanto, não podemos esquecer que todos estes investimentos são feitos a favor dos peregrinos que visitarão Roma e, neste caso, também Lisboa e isso implica um enriquecimento para o país a todos os níveis”, acrescentou.

A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais Contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa validou 512 dos 564 testemunhos recebidos, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de vítimas da ordem das 4.815.

Vinte e cinco casos foram reportados ao Ministério Público, que deram origem à abertura de 15 inquéritos, dos quais nove foram já arquivados, permanecendo seis em investigação.

Estes testemunhos referem-se a casos ocorridos entre 1950 e 2022, período abrangido pelo trabalho da comissão.

A Jornada Mundial da Juventude, o maior evento da Igreja Católica, realiza-se pela primeira vez em Portugal, de 01 a 06 de agosto, em Lisboa, onde são esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas. Por ocasião da deslocação do Papa à capital portuguesa, está prevista, igualmente, a presença no Santuário de Fátima.

O secretário de Estado do Vaticano preside à peregrinação internacional aniversária de maio, que hoje começa no Santuário de Fátima.

O tema da peregrinação está ligado ao tema proposto pelo Papa Francisco para a JMJ, “Maria levantou-se e partiu apressadamente”.

As celebrações iniciam às 21:30, com o terço, seguindo-se a procissão das velas e a celebração da palavra, no altar do recinto.

No sábado, a peregrinação culmina com a missa, as 10:00, também no recinto.

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