Os arguidos, acompanhados pelos advogados de defesa, compareceram no Tribunal de Pequena Instância Criminal de Lisboa, no Campus de Justiça, para dar início à audiência prevista para as 14:00, mas só uma hora e meia depois souberam que a sessão tinha ficado sem efeito em resultado da greve dos funcionários judiciais, um protesto com o qual o Climáximo se declara "em solidariedade".
O julgamento dos ativistas do Climáximo pelo crime de desobediência à autoridade policial tem sido alvo de sucessivos adiamentos desde finais de abril, altura em se realizou a audiência inicial.
Nessa altura, o juiz não autorizou a leitura pelos arguidos de manifestos em defesa do clima por considerar estar fora do objeto do processo.
Na primeira sessão de julgamento, em 22 de abril último, os ativistas, que respondem por "desobediência civil", alegaram não terem ouvido a ordem da PSP para dispersarem aquando do bloqueio da avenida engenheiro Duarte Pacheco.
Os ativistas estão ainda acusados do crime de "interrupção das comunicações".
Na altura, o tribunal ouviu também como testemunhas três agentes da PSP, que, na sala de audiência, apontaram os arguidos com quem interagiram no dia do bloqueio, mas que tiveram dificuldades em identificar cada um dos ativistas a quem deram expressamente a ordem de dispersão do local.
Os três agentes da PSP manifestaram contudo a convicção de que todos os ativistas ouviram a ordem de dispersão, além dos crimes que estariam a incorrer, até porque se ouviam uns aos outros.
No entanto, a dificuldade em apontar individualmente a quem deram expressamente a ordem levantou dúvidas à defesa e ao próprio juiz se todos os arguidos teriam ou não ouvido a ordem da polícia para saírem da estrada.
Em comunicado, Maria Mesquita, porta-voz do grupo ambientalista, considera que se está perante um "julgamento político" em que a crise climática é "deliberadamente excluída da sala de audiências".
“Nós não bloqueámos a avenida engenheiro Duarte Pacheco no vazio. Fizemo-lo porque a crise climática é uma guerra declarada por governos e empresas à sociedade e ao planeta, e está a destruir tudo o que amamos. No Rio Grande do Sul, as cheias mataram 147 pessoas e desalojaram mais de 500 mil. Até quando vamos consentir com este sistema?", referiu a estudante de 21 anos.
O Climáximo apelou a propósito à convocação de “todas as pessoas” à manifestação “Nós Fazemos o Futuro”, a realizar em 01 de junho no Largo Camões, Lisboa, numa marcha convocada por mais de uma dezena de organizações através da plataforma "Salvar o Clima" a poucos dias das eleições europeias.
O julgamento deverá ser retomado em 03 de junho, pelas 14:00.
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