Em comunicado difundido nas redes sociais, a Junta de Freguesia de Benfica informou que “já estão agendadas para amanhã [domingo] e para os próximos dias” reuniões com os “moradores afetados, administrações de condomínio, associações de moradores e representantes das forças policiais”.
“Este diálogo visa reforçar a segurança e apoio à comunidade, além de identificar medidas de prevenção, em conjunto com as autoridades, que promovam a tranquilidade no nosso bairro”, apontou a junta.
Treze veículos ligeiros e cinco motociclos foram incendiados durante a noite na zona de Lisboa e três edifícios sofreram danos, em desacatos após a morte de Odair Moniz, baleado um polícia na Amadora, sendo que “o grosso dos incidentes” concentraram-se numa só ocorrência na freguesia de Benfica, em Lisboa, segundo balanço da Polícia de Segurança Pública (PSP).
Na última noite, foram ainda incendiados sete contentores de lixo e um sofá deixado na via pública, além de ter sido bloqueada uma artéria com mobiliário urbano.
A polícia deteve um suspeito e identificou outro numa situação de flagrante delito por crime de incêndio no centro de Lisboa.
A Junta de Freguesia de Benfica lamentou profundamente os incidentes que resultaram em “elevados prejuízos” para os proprietários dos carros ardidos, danos materiais nos prédios atingidos e a evacuação temporária de residências.
“Em conjunto com as autoridades, estamos a tomar todas as medidas para compreender as causas e, sobretudo, para garantir que ações de vandalismo como estas não se repitam”, garantiu a junta, que agradeceu ainda a rápida intervenção do Regimento de Sapadores Bombeiros e da PSP e “o incansável esforço das equipas de higiene urbana da Junta de Freguesia de Benfica, que desde as primeiras horas têm trabalhado intensamente para limpar e restaurar as áreas afetadas na medida do possível, tendo em conta as investigações em curso por parte das autoridades”.
Odair Moniz, cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.
Segundo a PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e “entrou em despiste” na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.
Desde a noite de segunda-feira registaram-se desacatos no Zambujal e, desde terça-feira, noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados autocarros, automóveis e caixotes do lixo.
A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação “séria e isenta” para apurar “todas as responsabilidades”, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias.
A Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos e o agente que baleou o homem foi constituído arguido.
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