O acordo, escreveu Kubrakov na rede social Twitter, “deve continuar independentemente de a Federação Russa participar ou não”.
“É uma questão de segurança para o mundo inteiro”, escreveu Kubrakov, acrescentando que os proprietários das companhias de navegação que transportam cereais ucranianos “estão prontos para continuar a trabalhar”.
O ministro pediu à ONU e à Turquia – que atuam como mediadores do acordo e tinham acertado com a Rússia que permitisse a saída de cereais ucranianos por via marítima – que “confirmem se estão preparados para continuar com a iniciativa”.
A Rússia suspendeu hoje o acordo de exportação de cereais pelo Mar Negro a partir de portos ucranianos, argumentando que os compromissos assumidos em relação à parte russa não foram cumpridos.
“O acordo dos cereais está suspenso”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, durante a sua conferência de imprensa diária por telefone.
“Na prática, os acordos do Mar Negro deveriam expirar hoje. Infelizmente, a parte do acordo do Mar Negro que diz respeito à Rússia não foi cumprida. Por conseguinte, [o acordo] perde a sua força”, afirmou Peskov.
Ao mesmo tempo, garantiu que “assim que a parte russa for cumprida”, Moscovo “voltará imediatamente à aplicação deste acordo”.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, também garantiu hoje que, “mesmo sem a Rússia, tudo deve ser feito para que usar este corredor no Mar Negro. Não temos medo”, disse Zelensky, num comentário partilhado no Facebook pelo seu porta-voz Serguei Nykyforov.
A suspensão já mereceu comentários do secretário-geral da ONU, António Guterres, a alertar que centenas de milhões de pessoas vão pagar pela decisão da Rússia de romper com o acordo.
“Centenas de milhões de pessoas estão a passar fome e os consumidores estão a enfrentar uma crise global de aumento de custo de vida”, disse Guterres em declarações aos jornalistas, acrescentando que a decisão russa “vai ser um rude golpe nas pessoas necessitadas em todo o mundo”.
O Presidente da Turquia afirmou por sua vez acreditar que o seu homólogo russo, Vladimir Putin, “quer manter” o acordo: “Daremos passos nesse sentido, com um telefonema a Putin, sem esperar por agosto”, declarou
O recuo russo em relação à prorrogação da Iniciativa dos Cereais, que já vinha ameaçando caso não fossem atendidas as suas exigências, mereceu críticas contundentes da Comissão Europeia, para a qual se trata de uma “decisão cínica”.
Para os Estados Unidos, trata-se de “outro ato de crueldade” russa ao suspender hoje os acordos do Mar Negro, “dando mais um golpe nos países mais vulneráveis do mundo”.
A Iniciativa dos Cereais entrou em funcionamento em agosto do ano passado, em plena guerra, quando os primeiros navios começaram a ser carregados e transportados a partir dos portos do sul da Ucrânia, um dos maiores produtores cerealíferos do mundo, no sentido de proteger navios mercantes no Mar Negro e também a segurança alimentar global com uma descida dos preços nos mercados internacionais. Até maio foram exportadas, ao abrigo deste entendimento, mais de 30 milhões de toneladas de cereais.
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