Descrevendo o conflito na Ucrânia como “uma ferida a sangrar no meio da Europa”, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, defendeu que todo o território do seu país deve ser tratado de igual forma perante o Kremlin, após a sua invasão em grande escala há mais de 13 meses.
“Estamos unidos em torno dos princípios da Carta das Nações Unidas e da convicção comum de que a Crimeia é Ucrânia e voltará a estar sob o controlo da Ucrânia”, sublinhou Kuleba, ao intervir por videoconferência na Conferência sobre a Segurança no Mar Negro, a decorrer na capital romena, Bucareste.
“De cada vez que se ouve alguém de qualquer ponto do mundo a dizer que a Crimeia é, de algum modo, [um caso] especial e não deve ser devolvida à Ucrânia, como qualquer outra parte do nosso território, essa pessoa tem de saber uma coisa: a Ucrânia discorda categoricamente de tais declarações”, insistiu o ministro ucraniano.
A Rússia anexou a Crimeia em 2014 e, durante a guerra que trava na Ucrânia desde que invadiu o país, em fevereiro do ano passado, tem expandido a sua presença no território ucraniano.
Atos de sabotagem ocasionais e outros ataques a infraestruturas militares russas ou de outra natureza naquela península ocorreram desde então, e o Kremlin sempre acusou a Ucrânia de os ter cometido.
O Governo de Kiev não reivindicou qualquer responsabilidade em tais ações, mas saúda todos os esforços para expulsar os russos da região.
O Kremlin quer que Kiev reconheça a soberania da Rússia sobre a Crimeia e também a sua anexação, em setembro passado, das províncias ucranianas de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia.
A Ucrânia rejeitou essas exigências e não entabulará negociações de paz com a Rússia enquanto as tropas de Moscovo não retirarem de todos os seus territórios ocupados.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas — 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 414.º dia, 8.490 civis mortos e 14.244 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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