Dados recolhidos pelos serviços secretos norte-americanos sugerem que os autores da sabotagem no ano passado dos dois gasodutos foram “opositores do Presidente russo, Vladimir Putin”, noticiou o jornal.
Desde a invasão da Ucrânia por Moscovo, a 24 de fevereiro de 2022, os dois gasodutos têm estado no centro das tensões geopolíticas, alimentadas após a decisão de Moscovo de cortar o fornecimento de gás à Europa, numa alegada retaliação às sanções ocidentais.
A 26 de setembro de 2022, quatro enormes fugas de gás precedidas de explosões submarinas foram detetadas nos gasodutos que ligam a Rússia e a Alemanha, em águas internacionais.
Ambos os gasodutos estavam fora de serviço na altura, mas continham quantidades significativas de gás metano.
Acredita-se que um “grupo pró-ucraniano” esteja por detrás da sabotagem, segundo o New York Times, com base em informações dos serviços secretos norte-americanos, sem contudo dar quaisquer pormenores sobre estes elementos ou sobre a identidade deste “grupo pró-ucraniano”.
Kiev, no entanto, negou formalmente as acusações.
“Embora eu goste de recolher divertidas teorias de conspiração sobre o Governo ucraniano, devo dizer que a Ucrânia nada tem a ver com o acidente no mar Báltico e não tem informações sobre “grupos pró-ucranianos de sabotagem”, escreveu na rede social Twitter Mykhailo Podolyak, conselheiro do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Segundo responsáveis norte-americanos, não há qualquer indicação de que o Presidente ucraniano tenha estado envolvido na operação de sabotagem.
Os países ocidentais tinham acusado a Rússia de ser responsável pelas explosões.
Os meios de comunicação alemães afirmaram na terça-feira que a investigação tinha identificado o barco utilizado para a sabotagem. A embarcação terá sido alugada por uma empresa com sede na Polónia, aparentemente propriedade de dois ucranianos, escreveram o semanário Die Zeit e as emissoras ARD e SWR.
Uma equipa de seis pessoas de cinco homens e uma mulher, incluindo mergulhadores, transportou e colocou os explosivos no local, de acordo com as notícias.
As investigações judiciais sobre a destruição dos gasodutos estão a ser conduzidas pela Alemanha, Dinamarca e Suécia.
No entanto, “a nacionalidade dos autores não é clara”, acrescentou o Die Zeit, acrescentando que foram utilizados passaportes falsos para alugar o barco.
Os investigadores conseguiram determinar que a equipa zarpara do porto alemão de Rostock a 06 de setembro de 2022 e depois localizaram o barco perto de uma ilha dinamarquesa.
Foram detetados vestígios de explosivos “na mesa da cabina” do barco.
“Mesmo que as pistas apontem para a Ucrânia, os investigadores ainda não conseguiram determinar quem encomendou a operação”, adiantou o semanário.
O New York Times acrescentou que a informação dos serviços secretos norte-americanos não permite “qualquer conclusão firme” e “deixa em aberto a possibilidade de a operação ter sido lançada em segredo por uma terceira força com ligações dentro do Governo ucraniano ou dos seus serviços de segurança”.
Num artigo recente, o jornalista de investigação norte-americano Seymour Hersh escreveu que mergulhadores da Marinha dos Estados Unidos, ajudados pela Noruega, tinham plantado explosivos nos oleodutos em junho, provocando as explosões três meses depois.
Os Estados Unidos afirmaram que esta informação era “totalmente falsa”.
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