“Foi difícil deixar esta parte na ata final, mas os americanos acordaram em que peritos norte-americanos fizessem estudos, que depois seriam fornecidos ao Governo português, para se identificar potenciais riscos para a saúde humana, quer agora, quer no futuro, devido a processos de contaminação”, adiantou, em declarações à Lusa, o vice-presidente do executivo açoriano, Artur Lima.
O governante, que tutela as questões conexas com as negociações luso-americanas sobre a base das Lajes, localizada na ilha Terceira, é também o representante da Região Autónoma dos Açores na Comissão Bilateral Permanente do Acordo de Cooperação e Defesa entre a República Portuguesa e os Estados Unidos da América, que se reuniu esta quarta-feira, em Washington, nos Estados Unidos.
A contaminação de solos e aquíferos na Praia da Vitória, na ilha Terceira, provocada pelo armazenamento e pelo manuseamento de combustíveis e outros poluentes pela Força Aérea norte-americana na base das Lajes, foi um dos temas em discussão na reunião.
Identificada em 2005 pelos próprios norte-americanos, a contaminação foi confirmada, em 2009, pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), que monitoriza desde 2012 o processo de descontaminação.
Segundo Artur Lima, o executivo açoriano, com “o apoio de toda a delegação portuguesa” manifestou “com muita firmeza” a necessidade de retoma do processo de descontaminação, parado desde 2018, e houve uma “abertura” dos Estados Unidos para procurar “soluções de remediação inovadoras”.
“Julgo que houve uma melhoria nesse entendimento, devido à firmeza com que nós afirmámos esse problema. Acho que houve uma maior abertura, eu não diria uma grande abertura, mas houve talvez uma maior compreensão para se abordar com mais profundidade essa questão e também para se estudar soluções inovadoras de tratamento e remediação ambiental”, adiantou.
Na última reunião da comissão bilateral, em dezembro de 2020, ficou acordado que os peritos norte-americanos e o LNEC fariam um estudo conjunto sobre a atual situação da contaminação de solos e aquíferos da ilha Terceira.
“O relatório deverá estar pronto agora em setembro e perante esse relatório vamos avaliar e, em dezembro, veremos quais são os passos a dar”, revelou Artur Lima.
Segundo o vice-presidente do executivo açoriano, os Estados da América acordaram também uma “colaboração muito estreita” com os Açores “ao nível das energias renováveis”.
“Fizemos ver aos Estados Unidos a nossa vantagem de termos energia geotérmica e de cooperarem connosco, com vista a que os Açores possam vir a tornar-se numa região produtora e talvez exportadora de hidrogénio”, avançou, alegando que isso seria “um grande salto tecnológico” para a região.
Da ata da comissão bilateral consta também um aprofundamento de relações dos Açores com a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) e na próxima reunião, que decorrerá, em dezembro, na cidade de Lisboa, deverá ser abordada a possibilidade de um reforço de cooperação nas áreas da saúde, da cultura e do intercâmbio estudantil, revelou Artur Lima.
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