“Houve uma evolução positiva, porque foi possível identificar algum trabalho que era necessário fazer”, adiantou João Gomes Cravinho, em declarações aos jornalistas, à margem de uma reunião com o presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.
Em causa está a contaminação de solos e aquíferos na Praia da Vitória, na ilha Terceira, provocada pela Força Aérea norte-americana na base das Lajes, identificada em 2005 pelos próprios norte-americanos e confirmada, em 2009, pelo LNEC, que monitoriza desde 2012 o processo de descontaminação.
Em março de 2018, o então ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, anunciou um novo estudo sobre a contaminação da ilha Terceira, que seria elaborado pelo LNEC, em colaboração com o Laboratório Regional de Engenharia Civil (LREC).
O estudo, que segundo o Ministério da Defesa Nacional deveria estar concluído em dezembro de 2018, tinha como objetivo analisar 33 locais, que resultavam de um cruzamento de informação já conhecida de outros relatórios e de novas suspeitas levantadas junto da opinião pública.
Segundo João Gomes Cravinho, “acabou por não ser possível respeitar esse calendário”, mas o LNEC e o LREC “têm estado a trabalhar com grande intensidade no estudo”.
“Houve dois relatórios intercalares. Não temos ainda o relatório final. Os relatórios intercalares foram partilhados com o Governo Regional e com o Ministério dos Negócios Estrangeiros, que utilizou o relatório intercalar nas suas conversas com os Estados Unidos, no âmbito da comissão bilateral”, avançou.
O ministro da Defesa Nacional frisou que o “assunto não está concluído, mas está a evoluir”, acrescentando que qualquer denúncia ou preocupação que existir sobre esta matéria será “devidamente investigada”.
O embaixador dos Estados Unidos da América em Lisboa, George Glass, disse recentemente, em declarações à agência Lusa, que o país estava a trabalhar de forma afincada para terminar os trabalhos de descontaminação na ilha Terceira.
"Nós já concluímos seis locais, vamos concluir outros dois e agora resta uma mão cheia", disse, referindo que o Governo Regional dos Açores deveria "fazer um anúncio em breve" sobre esta matéria.
Questionado hoje sobre esse anúncio, o presidente do executivo açoriano disse que não tinha ouvido as declarações do embaixador norte-americano.
Vasco Cordeiro salientou que os relatórios técnicos existentes sobre a descontaminação dão conta de uma “evolução positiva”, mas também demonstram que “ainda há trabalho para fazer e ainda há sítios que necessitam de intervenções adicionais”.
“O que nós esperamos é que da mesma forma que foi feito este trabalho até aqui e que, segundo critérios técnicos, produziu um resultado positivo, seja possível no futuro continuar esse trabalho, de forma a resolver todos os assuntos que interessa resolver”, apontou.
O presidente do Governo Regional dos Açores realçou ainda o facto de ter sido possível encontrar “pontos de convergência” sobre a necessidade de “haver trabalho feito por parte da Força Aérea norte-americana” e de se terem definido “critérios aceites por ambas as partes” para “aferir se o trabalho que está a ser feito produz ou não resultados”.
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