Durante uma sessão pública intitulada “Cumprir os direitos das mulheres”, no âmbito das eleições legislativas de 30 de janeiro, o membro da Comissão Política do Comité Central do PCP disse que os caminho pela conquista da igualdade de género encontra obstáculos, como, por exemplo, “PSD e sucedâneos” – aludindo a CDS-PP, IL e Chega – que “desprezam os direitos das mulheres”.
João Ferreira acrescentou que os socialistas também criam impedimentos na defesa dos direitos das mulheres, uma vez que “acenam com a promessa de igualdade de direitos, mas que a deixam ficar no papel, nas boas intenções, sem tradução concreta na vida das trabalhadoras”, que continuam a ser alvo de “uma intensa exploração laboral”.
Horários desregulados, baixos salários e discriminações variadas são a ponta do 'iceberg' relatada em cinco testemunhos que antecederam a intervenção do dirigente comunista.
Depois de ouvir os testemunhos, e perante um auditório maioritariamente preenchido por mulheres, João Ferreira apontou o caminho através da alteração “das leis laborais que não servem os direitos das mulheres”.
No entanto, reforçou, PS e PSD “convergem para rejeitar essas mudanças, usando alguns a promessa da igualdade como mero instrumento de propaganda”.
“Essas promessas leva-as o vento” e o que é necessário é impedir que o alastramento da precariedade laboral, a destruição e congelamento de carreiras, e a perda do poder de compra, cenário que se aproxima da realidade “com a proposta do PS de 0,9% de atualização salarial, abaixo do valor apurado da inflação em 2021”.
Minutos antes da intervenção de João Ferreira, Heloísa Apolónia, antiga deputada do Partido Ecologista “Os Verdes” e cabeça de lista da CDU pelo círculo eleitoral de Leiria, fez um exercício de memória e um pedido às dezenas de mulheres que participaram nesta iniciativa de pré-campanha eleitoral.
“O nosso apelo é para que não esqueçam os tempos dramáticos da governação PSD/CDS, em que foram cortados brutalmente direitos e foi negada condição de vida às populações (…). O nosso apelo também é para que não esqueçam o tempo das maiorias absolutas do PS, em que houve um serviço aos grandes grupos económicos e uma desqualificação dos nossos serviços públicos”, sustentou.
Os dirigentes comunistas João Ferreira e João Oliveira substituem provisoriamente o secretário-geral do PCP na campanha para as eleições legislativas, enquanto Jerónimo de Sousa recupera de uma operação de urgência à carótida interna esquerda a que foi submetido na quinta-feira.
Nas legislativas de 2019, a Coligação Democrática Unitária (CDU) - que integra o PCP, o PEV e a Associação Intervenção Democrática - elegeu 12 deputados (dez do PCP e dois do PEV) e obteve 6,33% dos votos, ou seja, 332.473 votos (de um total de 5.251.064 votantes), menos 113.507 do que em 2015, de acordo com o Ministério da Administração Interna (MAI).
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