“Sou lesado. Eu recebi zero. Devolvam o que é meu”, gritou Jorge Novo, de 68 anos, um dos lesados do papel comercial do BES e que tem comparecido frequentemente junto ao tribunal nos casos que envolvem o ex-banqueiro Ricardo Salgado.
“Onde está a provisão para os lesados? O senhor Ricardo Salgado deixou uma provisão para os lesados… O Novo Banco tomou posse da provisão dos lesados”, protestou, perante o aparato mediático em torno da chegada de advogados e arguidos do processo.
Conhecido como “comissaire aux comptes” no seio do GES, Francisco Machado da Cruz foi o contabilista do grupo entre 2002 e 2014, tendo-lhe sido imputada a falsificação das contas da Espírito Santo International (ESI). A situação de insolvência da sociedade seria do seu conhecimento desde 2009, atuando alegadamente com instruções de Ricardo Salgado para ocultar a dívida e manipular as informações financeiras.
Apesar de ter colaborado com as autoridades, Francisco Machado da Cruz foi acusado em 2020 da prática de 36 crimes, dos quais três já viram declarada a prescrição, restando assim 33 crimes: um de associação criminosa, um de corrupção passiva no setor privado, 20 de burla qualificada, cinco de branqueamento, quatro de manipulação de mercado e dois de falsificação de documento.
O antigo presidente do BES, Ricardo Salgado, é o principal arguido do caso BES/GES e responde em tribunal por 62 crimes, alegadamente praticados entre 2009 e 2014.
Entre os crimes imputados contam-se um de associação criminosa, 12 de corrupção ativa no setor privado, 29 de burla qualificada, cinco de infidelidade, um de manipulação de mercado, sete de branqueamento de capitais e sete de falsificação de documentos.
Além de Ricardo Salgado, estão também em julgamento outros 17 arguidos, nomeadamente Amílcar Morais Pires, Manuel Espírito Santo Silva, Isabel Almeida, Machado da Cruz, António Soares, Paulo Ferreira, Pedro Almeida Costa, Cláudia Boal Faria, Nuno Escudeiro, João Martins Pereira, Etienne Cadosch, Michel Creton, Pedro Serra e Pedro Pinto, bem como as sociedades Rio Forte Investments, Espírito Santo Irmãos, SGPS e Eurofin.
Segundo o Ministério Público, a derrocada do GES terá causado prejuízos superiores a 11,8 mil milhões de euros.
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