“A primeira é uma crise humanitária porque, desde há três anos, há pessoas detidas na Bielorrússia diariamente por causa das suas opiniões políticas”, afirmou Sviatlana Tsikhanouskaya, que esteve hoje na comissão parlamentar dos Negócios Estrangeiros para descrever a situação aos deputados portugueses e pedir apoio.

Admitindo que ninguém sabe bem quantos presos políticos existem já, Tsikhanouskaya indicou que, segundo as organizações de defesa dos direitos humanos, há pelo menos 1.700, mas sublinhou que “o número real pode ser de cerca de 5.000 pessoas”.

Estes presos políticos são “pessoas que se opõem ao regime, que apoiam os ucranianos na guerra ou que têm perspetivas europeias para o país”, explicou, acrescentando que os prisioneiros “estão a passar por condições desumanas, sendo muitos deles mantidos em modo incomunicável”.

Um desses presos políticos, recordou, é o seu marido, o ativista Siarhei Tsikhanouski, que estava a preparar a sua candidatura às eleições presidenciais de 2020 quando foi preso.

Tsikhanouskaya assumiu o seu lugar e reivindicou a vitória, mas foi afastada e perseguida pelo então já Presidente, Alexander Lukashenko, que foi acusado de fraude eleitoral, manipulação e censura.

“A segunda crise na Bielorrússia é a ameaça à independência”, referiu, explicando que “Lukashenko só tomou o poder em 2020 devido ao apoio político e económico do [Presidente russo, Vladimir] Putin” e que, por isso, “se tornou cúmplice na guerra contra a Ucrânia e está a vender a soberania, peça por peça, a Putin, para obter alguma vantagem económica”.

Numa altura em que o contexto internacional coloca o centro da atenção dos países na guerra na Ucrânia e na guerra entre Israel e Hamas, Sviatlana Tsikhanouskaya defende que “é preciso que os aliados e parceiros democráticos [da oposição ao refime bielorrusso] permaneçam firmes e determinados”.

“Portugal é um dos países que nos tem apoiado desde 2020, desde o início da nossa crise, desde o início da nossa revolução”, afirmou, lembrando que esta é a terceira vez que está em Portugal para “procurar apoio para as forças democráticas e para a luta” pela democracia.