A primeira-ministra da Nova Zelândia é apenas a segunda líder a nível mundial a dar à luz enquanto estava no cargo, tendo começado a licença de parto a 17 de junho. A primeira filha de Jacinda Ardern, Neve, nasceu a 21 de junho.
Ardern, de 37 anos, passou as responsabilidades do cargo para o vice-primeiro-ministro Winston Peters, gozando assim de seis semanas de licença de maternidade.
O vídeo da líder neozelandesa a anunciar retomar em breve as suas funções surge no Facebook duas horas depois de o partido Nacional fazer a sua primeira conferência nacional desde que Simon Bridges foi eleito líder. Bridges partilhou também um vídeo num ambiente descontraído, onde tocava bateria, tendo também lugar para a sua mulher, Natalie, e para o filho mais novo, com apenas seis meses de idade. Dado este pormenor, alguns meios de comunicação da Nova Zelândia falam numa "batalha de bebés", conta o The Guardian.
O vídeo "Um olá rápido no momento em que nos preparamos para voltar" de Ardern é considerado por comentadores políticos como uma forma de mandar uma mensagem específica para a oposição, mostrando que ainda está no comando e em breve estará de volta. Jacinda Ardern aparece a embalar a filha num berço — embora não seja possível ver a criança.
"Está tudo a correr muito bem, não temos absolutamente nenhuma rotina para contar. Quase que consigo ouvir um grupo de vários pais a rirem da ideia de não ter uma rotina com um bebé de cinco semanas de idade, mas estamos a ir muito bem mesmo assim", referiu Ardern.
E porque as rotinas da mãe tiveram de ser adaptadas, Jacinda Ardern lê agora os jornais de domingo ao lado da filha, embalando-a no berço. "Eu sou multitasking [multifunções] como todos os pais solteiros que já conheci", referiu.
A líder neozelandesa disse que a sua primeira semana de trabalho seria focada nas questões "que realmente importam", incluído os temas da saúde mental, meio ambiente, comércio e emprego.
Jacinda Ardern referiu ainda que estaria em contacto com os neozelandeses para partilhar "um pouco de como será a [sua] vida, porque obviamente vai ser um pouco diferente".
"O país sentiu a sua falta"
Os neozelandeses responderam com entusiasmo ao anúncio de Ardern quanto ao regresso ao trabalho, referindo estarem ansiosos para ter a sua primeira-ministra de volta.
“Adoro o multitasking”, comentou Joanne Johnson no Facebook. “Balance o berço e administre um país. A mostrar que as mulheres podem ser mães e líderes", lê-se.
"Será bom tê-la de volta", escreveu Lydia Papadopoulos. "Claro que se vai sentir um pouco apreensiva por deixar a sua menina, mas tenho a certeza de que ela estará em boas mãos com o seu pai."
"Bem-vinda de volta!", reagiu Phil Knowles. "O país sentiu a sua falta”, terminou.
Ardern terminou o vídeo agradecendo à mãe, que passou algumas semanas com Ardern, e a Clarke Gayford, o seu companheiro, pela ajuda quando chegaram a casa pela primeira vez com Neve. "Que novo apreço criamos pelas mães depois de termos o nosso próprio filho", disse Jacinta. "Um obrigada à minha mãe e a todas as mães por aí também, incluindo ainda Clarke, que nos ajuda também".
O anúncio
Eleita em outubro do ano passado, Ardern anunciou a gravidez. Na altura, confidenciou que foi uma notícia "inesperada mas entusiasmante", tanto para ela como para o marido.
"Não serei a primeira mulher que trabalha e tem um bebé", dizia então a líder neozelandesa. "Sei que estas são circunstâncias especiais, mas há muitas mulheres que já o fizeram antes de mim", disse.
Durante a campanha para as legislativas, que a levaram ao poder em outubro, poucos meses depois de assumir a liderança do Partido Trabalhista, Ardern esteve no centro de uma polémica sexista, ao ser questionada sobre as consequências de uma eventual maternidade.
"É totalmente inaceitável considerar em 2017 que as mulheres devem responder a esta questão", respondeu então Jacinda Ardern. "A escolha do momento para ter filhos pertence às mulheres. Isso não deve determinar poder ou não conseguir um emprego".
A política disse não duvidar "que os tempos mudaram", permitindo às mulheres desempenharem vários papéis.
"Muitas mulheres abriram caminho pouco a pouco e permitiram que as pessoas me vejam a exercer o poder e pensar 'sim, ela pode fazer o trabalho e ser mãe'", sublinhou já em janeiro a primeira-ministra.
A responsável neozelandesa é das poucas chefes de Governo a engravidar durante o mandato, indicou a rádio Nova Zelândia, lembrando que uma das primeiras foi a paquistanesa Benazir Bhutto, em 1990.
A primeira-ministra trabalhista assumiu o cargo em outubro passado, ao concluir um acordo de Governo com os verdes e um partido nacionalista, na sequência das eleições de setembro que puseram fim a nove anos de poder dos conservadores.
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