“Mas é possível haver algum combate sem tréguas à corrupção sem enfrentar os ‘offshore’, os paraísos fiscais, essas autênticas casas de repouso para aqueles que fazem as negociatas, o tráfico de influências e o dinheiro vindo da corrupção?”, interrogou Paulo Raimundo, num comício no concelho de Anadia, distrito de Aveiro.
O dirigente comunista, que discursava no convívio regional de Aveiro, no Parque de Merendas de Mogofores, questionou se é possível combater a corrupção sem “enfrentar as negociatas e as privatizações, como é o caso do escândalo da privatização da ANA -Aeroportos de Portugal”.
Perante várias dezenas de apoiantes, o líder do PCP enfatizou que as medidas do pacote anticorrupção do Governo não passam de 32 intenções que, na prática, “deixam tudo para depois e não têm nenhuma novidade”.
Segundo Paulo Raimundo, “o que não fica para depois é a legalização daquilo que hoje é ilegal — o tráfico de influências, com aquele nome pomposo do chamado ‘lobbying'”.
“Muita conversa, muita batida no peito, muita areia para os olhos e, no fim do dia, aquilo que sobra, é que aquilo que era ilegal passa a legal, combate-se pouco a corrupção e as tréguas ficam sempre com os que se acham donos disto tudo e para os quais nunca há uma única medida que lhes faça frente”, sublinhou.
Ainda no domínio do combate à corrupção, o secretário-geral dos comunistas desafiou o país a deixar de recorrer aos tribunais arbitrais, “no qual o Estado perde sempre”.
“Se houver alguma resolução de um tribunal arbitral no qual o Estado tenha ganho, alguém que apresente essa primeira prova”, disse Paulo Raimundo, acusando os grandes partidos de se terem juntado para inviabilizar o fim do recurso do Estado aos tribunais arbitrais.
O Governo aprovou quinta-feira, em Conselho de Ministros, um conjunto de mais de 30 medidas para combater a corrupção, em que se destaca a regulamentação do ’lobbying’ e o confisco de bens que resultem de atividade à margem da lei, mesmo sem condenação.
Acusando o executivo de Luís Montenegro de estar a governar para os grupos económicos, insistiu no aumento imediato de todos os salários em 150 euros e no mínimo de 15% para todos os trabalhadores e a fixação do Salário Mínimo Nacional já este ano em 1.000 euros.
Para Paulo Raimundo, “é necessário e justo” aumentar todos os salários de forma significativa, que permita aos trabalhadores enfrentar o custo de vida, “que não para de aumentar, na habitação, na alimentação, na energia e nos medicamentos”.
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