Marc Menschaert falava à Agência Lusa a propósito da cimeira da Aliança Maçónica Europeia (AME), que hoje junta em Lisboa dezenas de organizações maçónicas europeias, numa organização do Grande Oriente Lusitano, a mais antiga obediência maçónica portuguesa.
“A maçonaria, o trabalho maçónico, é para unir as pessoas, a extrema-direita é mais um movimento que divide. Para nós a extrema-direita é claramente um perigo”, avisou.
Um tema importante para a maçonaria, defendeu, é a educação e por isso a instituição questiona o que devem fazer os maçons e o que devem fazer os países europeus “para lutar por exemplo contra o fanatismo”.
“Pensamos que isso é importante e por isso investir na educação, para que os jovens possam fazer as suas escolhas, possam escolher por si próprios, sem que as escolhas lhes sejam impostas”.
Marc Menschaert não crê que a Europa esteja a tornar-se intolerante, mas admite que há pessoas e partidos que o são. E reafirma que por isso é preciso “investir nos jovens” para que estes pensem por sim mesmo, que reflitam sobre o que se passa à sua volta, que pensem de forma crítica. Porque “o importante é que a pessoa, entendendo o que se passa, ouvindo, escutando, refletindo, tome a sua própria posição, sem influência de ideias populistas”.
Por isso, defendeu, “é importante que a Europa esteja unida” e que nessa união os países ou regiões mais pobres sejam ajudados pelos mais ricos. E só uma Europa mais unida, mais forte e desenvolvida, sem divisões que a questão da Catalunha poderia prenunciar, é capaz de ajudar os países mais pobres a chegar a um nível elevado de desenvolvimento e de educação, disse ainda.
“Defendemos no fundo a solidariedade, e é nesse ideal que para nós a Europa tem de ser unida, o mais forte possível. Não uma Europa da finança mas que esteja lá para desenvolver a sociedade mas também apoiando os mais pobres para que juntos eles cheguem a um nível considerado aceitável”, disse na entrevista.
E depois, acrescentou, não é justo uma União Europeia “a duas ou três velocidades”, pelo que tem de haver uma Europa atenta, a Portugal, à Grécia e a outros países, e que continue a investir na ajuda a esses países.
E a relação com a UE é de apoio ou de contestação? Marc Menschaert diz ser de apoio quando a União Europeia investe em valores que a maçonaria preza, mas acrescenta: “Quanto aos refugiados, por exemplo, é importante dizer que consideramos que são uma oportunidade para a Europa, que não e concebível que essas pessoas morram a atravessar o Mediterrâneo”.
Se há países que “investem muito, que fazem muito” pelos refugiados, há outros que não, e nas palavras do presidente da AME é importante lembrar às instituições europeias a relevância de tratar os refugiados com respeito e com dignidade.
A ME reúne-se hoje em Lisboa, no coração da cidade, Bairro Alto, para onde uma organização de extrema-direita está a convocar, nas redes sociais, uma manifestação “contra a reunião da maçonaria europeia”. Porque, justifica, “a maçonaria é uma arqui-inimiga do nacionalismo desde a sua fundação”.
A AME foi inicialmente formada por 23 obediências maçónicas, entre elas as de França, Bélgica, Suíça, Holanda, Áustria, Espanha, Polónia ou Itália.
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