Em março de 2020 Portugal parou.
Não foi bem assim. Dezenas, centenas de atividades continuaram a laborar para que o país continuasse a viver nesse entretanto. Destaco, porque é aí que me encaixo, as agências bancárias.
Com equipas reduzidas por colaboradores ausentes devido às razões do antigo e do novo dia-a-dia (filhos pequenos em casa por escolas fechadas, doenças de risco, férias, colaboradores infetados, …), o espírito de missão imperou. A necessidade de apoiar as empresas e as famílias, de dar resposta, conforto, confiança, exigiu dos colaboradores um profundo esforço dentro do que foi o desconforto inicial de atender clientes quando ainda era grande o desconhecimento das precauções a tomar.
Tenho o privilégio de fazer parte de uma dessas equipas. De liderar colaboradores extraordinários, inexcedíveis. Diariamente senti a estranheza de percorrer as ruas desertas para chegar à agência, assisti à mudança de cultura, inevitável neste contexto. As gravatas passaram a ficar em casa (atrever-me-ia a dizer que para sempre) face à necessidade de desinfeção diária da roupa, os cumprimentos deixaram de ter toque. Confesso que o mais me custou, e ainda custa, é termos passado de uma casa de portas abertas para atendimento à porta fechada, com filas de clientes a aguardar na rua. Isto toca a humanidade que há em cada um de nós, e a impotência de não podermos fazer diferente, ainda. Estou certa que o caminho que estamos a percorrer nos trará soluções para esta nova realidade.
Com tudo isto, passámos a fazer questão de olhar mais os outros nos olhos, de partilhar mais alegrias, de sermos mais uns para os outros e para os nossos clientes, que continuaram a ver-nos ali, resilientes e preocupados.
Folgo em dizer que, em 2020, tive vários “Apontamentos de felicidade”. Concluí o MBA em Gestão da Felicidade e do Capital Emocional nas Organizações, na Coimbra Business School, que me ajudou a clarificar o meu modelo de trabalho de desenvolvimento de equipas de alta performance.
Com as medidas agravadas da pandemia, senti necessidade de comunicar mais com os outros, de me aproximar do mundo. A 9 de abril iniciei uma publicação semanal no Linkedin, que ainda mantenho, com base num dos pilares do meu modelo: felicidade no trabalho. E foi através desta rede social que conheci o coordenador do projeto de investigação "Perspetivas sobre a Felicidade. Contributos para Portugal no World Happiness Report (ONU)", criado em 2017 no Centro de Estudos de Filosofia da Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa. Fui desafiada a dar uma entrevista neste âmbito. E como a vida nos reserva inúmeras surpresas, foi depois desta experiência que me foi lançado outro desafio: o de partilhar em livro a minha forma de trabalhar enquanto líder de equipas. É o meu projeto de 2021, orientado pelo Professor Doutor Jorge Humberto Dias.
A 20 de março, fizemos questão de brindar, na minha agência, ao Dia Internacional da Felicidade. Com os corações apertados pela incerteza do que nos rodeava, sem saber se amanhã ali estaríamos, mas com a convicção de que são estes momentos que nos tornam mais unidos e que não nos deixaríamos dominar pelo medo. Desde então, assistimos a equipas inteiras em
isolamento profilático, e a voltar de novo e de novo. Continuamos cá, para o que der e vier.
Sinto-me grata por poder fazer a minha parte, naquele que é o maior desafio desta geração, por estar ali para a minha equipa e para os nossos clientes.
Marta Bento, Coimbra, Gerente Bancária
Foi um ano duro, mas nem tudo é mau. Alguns tiveram boas razões para celebrar naquele que ficará para a História como o ano da pandemia. Este é o Almanaque da Felicidade de 2020. Se também teve motivos para ser feliz este ano partilhe connosco, envie um email para 24@sapo.pt
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