"A Lidl Portugal assegura que cumpre integralmente com as suas obrigações legais e convencionais e reforça que respeita inteiramente o direito dos seus colaboradores na adesão [à greve], não havendo acréscimo de colaboradores temporários nos dias para os quais a greve foi convocada", lê-se numa nota enviada, à agência Lusa, por esta cadeia de supermercados.

Na segunda-feira, o CESP, que agendou uma greve para sexta-feira, sábado e domingo no Entreposto - Norte da rede de supermercados Lidl, que fica na freguesia de Ribeirão, em Vila Nova de Famalicão, acusou a Lidl Portugal de não respeitar o direito à greve e não estar aberta a negociações.

Em comunicado, o sindicato referiu que "com o receio esperado do impacto da luta dos trabalhadores neste armazém e o não abastecimento das lojas, já hoje, deram entrada cinco trabalhadores contratados a uma empresa de trabalho temporário, a Work Permit".

O CESP também acusou esta cadeia de supermercados de recorrer "apressadamente a mão-de-obra barata e precária", enumerando o recurso a trabalhadores oriundos de países do sul da Ásia, nomeadamente paquistaneses e indianos, e lembrando que esses "são países que se encontram com elevados níveis de contaminação do SARS-CoV-2 [novo coronavírus] e ainda recentemente impuseram medidas mais duras, como o confinamento das suas populações".

"À estrutura sindical deste entreposto não lhe foi dado a conhecer o plano de contingência. E espanta-se, que estes novos trabalhadores estão a desempenhar as mesmas tarefas dos trabalhadores Lidl efetivos e sem qualquer medida de distanciamento", lia-se na nota do sindicato.

Ainda de acordo com o CESP, os objetivos da greve são o aumento dos salários de todos os trabalhadores, a negociação do caderno reivindicativo, bem como a resolução dos problemas dos trabalhadores do Lidl.

Em resposta a estas acusações, a Lidl Portugal sublinhou que "cumpre todos os requisitos legais para a contratação de trabalhadores temporários, quando necessário, sendo a segurança e o bem-estar de todos uma das nossas maiores prioridades desde o início da pandemia".

A empresa garante que "neste período crítico" tem ido "além do exigido legalmente" e enumera que garante a remuneração de grupos de risco e grávidas entre março e fim de junho, disponibiliza máscaras, gel desinfetante e luvas, colocou proteções de acrílico nas linhas de caixa, assim como autocolantes com distâncias de segurança e investiu em limpeza adicional.

A Lidl Portugal acrescenta ainda que criou estações de limpeza de carrinhos, contadores de clientes à porta, bem como um microsite interno com informação em tempo útil, tendo incluído os colaboradores nos grupos de acesso às lojas em horários exclusivos.

"No que diz respeito às acusações de precariedade dos seus colaboradores, sublinhamos que oferecemos condições de trabalho de excelência no setor, a par da progressão salarial, formação e desenvolvimento de carreiras, e contratos de trabalho sem termo, independentemente da carga horária", lê-se ainda na resposta da empresa.

A título de exemplo, e de entre uma lista com mais de uma dezena de pontos, a Lidl Portugal indica que em 2019 aumentou para 670 euros o ordenado auferido no primeiro ano de trabalho, sublinhando que este valor é superior ao novo ordenado mínimo nacional: 635 euros mensais.

"Estar acima do ordenado mínimo nacional tem sido prática recorrente na empresa. Adicionalmente no Lidl, após dois anos, o salário ao nível de operador é de 820 euros, havendo uma progressão natural", acrescentou a empresa que também diz ter aumentado, em janeiro, o valor do subsídio de refeição para 7,63 euros, "o máximo legal permitido sem encargos adicionais para o colaborador e que se traduz num aumento adicional líquido de 192 euros ao final do ano [16 euros/mês] para os colaboradores a tempo inteiro e que representa cerca de 1.800 euros no fim do ano".

A Lidl Portigual acrescentou, por fim, que ofereceu um "obrigado monetário" aos "colaboradores que estiveram no ativo durante o período mais complicado da pandemia, chegando até 40% do ordenado".