“As primeiras estimativas sobre o cálculo do valor económico da língua portuguesa indicam que vale qualquer coisa como 17% do nosso produto. Temos de passar desse conhecimento para a ação e uma consequência óbvia é interessar a economia, as universidades, outros agentes, nesta promoção conjunta da língua portuguesa”, destacou hoje Augusto Santos Silva, na cerimónia de posse do novo presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, Luís Faro Ramos.
Na sua intervenção, o ministro fez uma reflexão sobre o trabalho desenvolvido e os desafios nas três grandes áreas sob tutela do Camões – língua, cultura e cooperação.
Ressalvando que o Camões “não tem o monopólio, nem deveria ter, da promoção da língua portuguesa e das culturas de língua portuguesa”, Santos Silva destacou que este organismo, que tutela, é “o agente principal de promoção internacional do português, das literaturas e das culturas de língua portuguesa”.
O “objetivo essencial” é, destacou, “promover o português como uma das grandes línguas globais de hoje”.
Esta missão, salientou, não é incompatível com a valorização da rede de ensino de português como língua de herança, que é “responsabilidade legal, constitucional e até moral” do Estado português, e que abrange 17 países em quatro continentes.
“Temos todos claro que o nosso objetivo é que a língua portuguesa seja cada vez mais valorizada nos currículos do maior número possível de países como língua estrangeira a ser oferecida aos seus alunos”, disse.
Santos Silva acrescentou: “Procuramos que a língua que os filhos das nossas comunidades estudam seja uma língua que eles estudem não por ser uma língua do gueto, que eles não são, não por ser uma língua regional, que não é, mas por ser uma língua de herança e uma das grandes línguas globais do mundo de hoje”.
Quanto à cultura, Santos Silva disse que “é para durar” a parceria entre os ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Cultura no programa de ação cultural externa, lançado este ano, referindo que todos os dias há, em média, quatro iniciativas culturais a serem promovidas pelo mundo.
Mas, agora, há ajustes a fazer, passando a “juntar esforços de outros ministérios, designadamente da Economia, e também outros agentes ligados à cultura, sobretudo fundações”.
Na área da cooperação, o ministro destacou que desde 2016 voltou a haver um aumento das verbas afetas à ajuda pública ao desenvolvimento.
Santos Silva defendeu a necessidade de uma melhor articulação entre “a grande frente da cooperação e o relacionamento económico”.
“A cooperação deve ir de mãos dadas com os outros fatores do desenvolvimento, designadamente o crescimento económico e as condições de inovação tecnológica e de criação de emprego”, sustentou.
O Governo estimou para 2018 um orçamento de 68,2 milhões de euros para o Camões, mais oito por cento que a verba deste ano e mais seis por cento do que a execução estimada.
“É o terceiro ano que o orçamento do Camões cresce”, assinalou Santos Silva.
Mas, admitiu, “os recursos humanos são sempre insuficientes, os recursos financeiros nunca chegam”.
“Além de que a minha sovinice orçamental é universalmente conhecida, pelo menos neste palácio”, brincou.
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