“Em termos de segurança, a videovigilância trouxe algumas vantagens, pelo menos o aspeto principal é ser dissuasivo. Ao saber que há câmaras, o número de situações [pequenos crimes] tem reduzido e o número de situações que a polícia aparentemente apanha aumentaram”, disse à Lusa o presidente da Associação de Moradores do Bairro Alto, Luís Paisana.
O presidente da Associação de Comerciantes do Bairro Alto, Hilário Castro, tem a mesma opinião e considera que o bairro, na freguesia da Misericórdia, “está mais tranquilo”. Trata-se, no seu entender, de um sistema que “dá mais segurança aos comerciantes, moradores e a todos os que o visitam”, sendo “um bem para todos”.
Para Luís Paisana, a videovigilância - instalada em maio de 2014 - “tem um duplo efeito de poder reduzir um bocadinho o crime ou as situações de confusão que existiam no bairro, e que ainda existem, mas em menor quantidade”.
Por isso, apesar de referir a necessidade de mais policiamento no Bairro Alto, o representante reconhece que a videovigilância “faz sentido e teve impacto”.
“As pessoas não sabem bem onde estão as câmaras, quando atuam têm sempre o risco de serem apanhados e têm sido de vez em quando. Ou procuram outros locais [onde não há câmaras] ou então não fazem tantas situações de risco como no passado”, explicou.
Para o presidente da Associação de Comerciantes, o Bairro Alto “tem um poder natural de transformação” e é “evidente que o sistema veio melhorar as condições de todos, inclusive das próprias forças policiais, que têm um recurso suplementar de ajuda”.
Hilário Castro sublinhou tratar-se “de um meio principalmente dissuasor”, embora tenha reconhecido que não houve “melhorias a nível de frequência” da zona, que concentra muitos restaurantes e bares.
As imagens das câmaras de videovigilância já deram os seus frutos para identificar pequenos delitos, de acordo com os responsáveis das associações dos moradores e dos comerciantes, lembrando este último que a associação foi contactada para ajudar a mãe de um jovem que tinha sido agredido.
“Pediu-nos apoio para testemunhar, para tentar que se resolvesse legalmente. A mãe do jovem, que foi aqui agredido e que esteve em coma muito tempo, mandou-nos imagens das câmaras em que se via de facto a agressão. Portanto as câmaras funcionam, já é um passo em frente na segurança, mas não é o único, deve ser feito mais”, explicou Hilário Castro.
À semelhança de Luís Paisana, Hilário Castro referiu que os comerciantes “há muito exigem mais polícia nas ruas”.
Vítor Silva, nascido e criado há 61 anos no Bairro Alto, referiu que na rua da Atalaia, onde mora, a diferença que encontra nos últimos cinco anos, com a presença das câmaras de videovigilância, é “o poder de dissuasão”.
“A diferença é que poderá dissuadir as pessoas que olham para ali. Em relação ao crime é normal. No Bairro Alto é normal. Há o assalto que pode acontecer no metro, no elétrico, no barco. Mas não houve alteração significativa para quem vive no bairro”, disse.
Maria Fernanda, que vive no Bairro Alto há mais de 50 anos, disse à Lusa “não ter a certeza de que existem câmaras”, lembrando a conversa com o vizinho do restaurante na véspera, em que este lhe disse que “aquilo que lhe parecia um candeeiro na rua debaixo de onde se sentava era uma câmara”.
“Nunca dei por elas. Sou franca. Acho que de há já muito tempo para cá não há tanta [insegurança]. A respeito do mau ambiente, antigamente quando eram mais bares e esplanadas e restaurantes era pior. Hoje fecham à meia-noite, não sinto violência, sou franca”, disse Maria Fernanda.
Embora não saia à noite devido a um período de saúde, Maria Fernanda explicou que tem um neto de 21 anos que chega com frequência à casa à meia-noite e “nunca teve nenhum problema”.
“Estou tranquila”, acrescentou.
A Lusa pediu dados sobre os últimos cinco anos de videovigilância no Bairro Alto à PSP, mas não obteve resposta.
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