O ex-Presidente da República António Ramalho Eanes elogiou a prioridade que dava à “honra, mais do que as honrarias” e o conselheiro da Revolução Rodrigo Sousa e Castro a sua “excecional inteligência”, que ditou “o brilhantismo do seu percurso”.
Eanes e Sousa e Castro, no prefácio e posfácio que assinaram respetivamente na biografia de Loureiro dos Santos, da autoria da diretora de Informação da agência Lusa, Luísa Meireles, não poupam nos elogios a este ex-vice-chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, em 1977.
Elogios que vão da vertente pessoal à estritamente militar, passando pela académica.
O melhor aluno do curso no liceu e na Escola do Exército é considerado por Eanes como o “grande mestre da moderna escola de Estratégia em Portugal” e por Sousa e Castro “um dos mais notáveis militares da geração da década de 50”.
O ex-Presidente salientou-lhe nos traços pessoais “a ética, a liderança pelo exemplo, capacidade e eficácia, o respeito pelo outro, um grande rigor no estudo, pensamento e ação, o amor pelas ideias e pela cultura em geral, aliados a uma notável capacidade de decisão”.
Sobre a sua faceta de reformador da estrutura militar, quer enquanto chefe militar, quer enquanto ministro, recordou, entre outros, o seu contributo para a consagração legal da subordinação das Forças Armadas ao poder político democrático (Lei 17/75, de 26 de dezembro) ou para a redefinição das funções e arquitetura destas, num quadro pós-colonial.
O seu objetivo, detalhou, era “salvaguardar a indispensável ideologia formal das Forças Armadas – hierarquia, disciplina, unidade – através da competência, do mérito, da confiança e da modernização dos meios (…), de maneira a torná-las aptas a bem responder a todas as exigências legais internas ou externas, do poder político democrático”.
O reconhecimento que lhe foi dado levou-o a receber dezenas de condecorações, a aconselhar futuros chefes militares e a ser solicitado para lecionar em várias instituições de ensino superior.
Dois episódios ilustram a firmeza e o humor de Loureiro dos Santos.
O primeiro, revelado no livro de Luísa Meireles, respeita a uma conversa telefónica com o então primeiro-ministro Durão Barroso, sobre a existência de armas químicas no Iraque de Saddam Hussein: “Pois se viu as provas, não acredito nelas”, disse o general “em tom afirmativo e numa pouco habitual voz alta”.
O segundo, revelado pelo jornalista Manuel Carlos Freire, num perfil publicado pelo Diário de Notícias em 2008, respeita ao nome do gato de estimação: Che Guevara.
Em Sabrosa, terra de onde é natural, deixa instalado o Centro de Estudos e Investigação de Segurança e Defesa de Trás-os-Montes e Alto Douro, que recolhe parte do seu espólio.
Nascido em Vilela do Douro, concelho de Sabrosa, no distrito de Vila Real, em 02 de setembro de 1936, José Alberto Loureiro dos Santos foi ministro da Defesa Nacional entre 1978 e 1980 nos IV e V Governos Constitucionais, chefiados por Carlos Mota Pinto e Maria de Lourdes Pintasilgo, ambos executivos de iniciativa presidencial de Ramalho Eanes.
Militar do ramo de artilharia, Loureiro dos Santos foi vice-Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, em 1977, e Chefe do Estado-Maior do Exército.
Foi membro do Conselho da Revolução e Ministro da Defesa Nacional de novembro de 1978 a janeiro de 1980 nos IV e V Governos Constitucionais, respetivamente dirigidos por Carlos Mota Pinto e Maria de Lourdes Pintasilgo.
Cumpriu duas comissões no Ultramar, em Angola (1962/1965) e Cabo Verde (1972/1974), foi secretário do Conselho da Revolução no 'verão quente' de 1975 e, como major, participou no planeamento e execução das operações que contiveram o golpe de 25 de novembro de 1975. Passou à reserva em 1993.
Com larga experiência académica, o ex-ministro e chefe militar lecionou no Instituto de Estudos Superiores Militares, do qual fez parte do conselho científico, e no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), no qual foi membro do Conselho de Honra.
Era também membro da Academia das Ciências de Lisboa e do Conselho Geral da Universidade Nova de Lisboa, como personalidade externa.
Loureiro dos Santos foi também escritor, com vasta obra, e conferencista e deu ainda inúmeras conferências, tendo colaborado em vários órgãos de comunicação social sobre temas de geoestratégia e de geopolítica.
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