Depois das primeiras declarações do presidente da Bielorrússia divulgadas esta manhã, são agora difundidas mais declarações que Lukashenko deu no fórum com os seus chefes militares, aliados políticos e jornalistas bielorrussos.

Lukashenko falou na forma como geriu as negociações com Prigozhin durante a rebelião que o PMC Wagner levou a cabo no fim de semana de 23 de junho. Nas conversações, o presidente bielorrusso disse que a conversa com Prigozhin foi cheia de “obscenidades”.

“Um papel significativo, em organizar as negociações, pertence ao general Yunus-Bel Yevkurov e o chefe dos serviços secretos russos (FSB), Alexander Bortnikov”, descreve Lukashenko. “Às 11h00 ele [Prigozhin] atendeu imediatamente o telefone”, começou por dizer o presidente perante os generais militares na segunda parte do fórum que começou esta manhã.

Yevkurov ligou a Prigozhin e passou o telefone a Lukashenko. "Aqui, o presidente da Bielorrússia, pode falar?" - “Estarei com Alexander Grigorievich”, disse o presidente, acrescentando que conversou com Prigozhin num “primeiro round” de negociações cerca de 30 minutos em “linguagem obscena”.

“Havia mais de 10 palavrões no seu vocabulário. Ele pediu desculpa. É um tipo corajoso que foi pressionado e influenciado por quem comandava os esquadrões de assalto e presenciou essas mortes [alegados ataques russos a acampamentos Wagner na Ucrânia]. E nesta situação, [Prigozhin] saiu de imediato para Rostov, num estado louco”, disse o presidente que lhe respondeu, “Zhenya, ninguém te vai dar Shoigu ou Gerasimov, especialmente nesta situação. Você conhece Putin tanto quanto eu. Em segundo lugar, ele não apenas se encontrará com você como também não falará ao telefone devido a esta situação”, descreve Lukashenko.

Segundo o presidente da Bielorrússia, Prigozhin respondeu-lhe exortando que “queria justiça” e que os russos estavam a “estrangular” o grupo Wagner.

“Iremos para Moscovo”, terá respondido o líder da Wagner a Lukashenko que lhe respondeu que “no meio do caminho seria esmagado como um inseto”.

Lukashenko disse que “convenceu” Prigozhin que ainda lhe respondeu que “a brigada está pronta para ser transferida para Moscovo (...) defenderemos Moscovo e não só. Porque essa situação não é só na Rússia”, terá dito o líder da Wagner.

Lukashenko disse ainda que “conheçe o trabalho de Shoigu [ministro da Defesa russo] e que ele, “às vezes é injustamente criticado”.

“Prigozhin está atualmente no país”

Quanto à presença da PMC Wagner na Bielorrússia, Lukashenko afirmou que “não haverá pontos de recrutamento para a PMC Wagner na Bielorússia” e confirma a chegada do líder da Wagner ao país.

O presidente adiantou que “a Bielorrússia está pronta, se necessário, para ajudar na implantação de caças Wagner PMC no país”, disse citado pela agência de notícias, Belta.

Segundo Lukashenko, “o chefe da empresa, Yevgeny Prigozhin, que está atualmente no país. No entanto, isso não significa que haverá pontos de recrutamento para PMCs na Bielorrússia."

"Não precisamos de abrir nenhum ponto de recrutamento da Wagner. Acho que nunca vai haver. Nesse momento, acredito que não precisamos abrir nenhum ponto", disse Alexander Lukashenko.

De acordo com a Belta, o chefe de Estado bielorrusso reagiu à informação de que supostamente começaram a construir acampamentos no país, para acomodar combatentes do PMC "Wagner", afirmando que não o estão a fazer, mas ajudarão se for preciso.

"Oferecemos partes abandonadas [de um quartel]. "Vamos ajudar com tudo que pudermos. Até que decidam o que fazer com eles", acrescentou. 

Alexander Lukashenko desmentiu ainda que a mobilização do grupo Wagner para a Bielorrússia se trate de uma provocação à reunião que a NATO vai organizar em julho na vizinha Lituânia.