“Se a meta está errada, muda-se a meta. O que não é compreensível, é imaginar que um empresário vai tomar dinheiro emprestado a essa taxa de juros”, disse Lula da Silva, durante uma conversa com jornalistas, ao ser questionado sobre a política de juros adotada pelo Banco Central.
O chefe de Estado brasileiro também comentou uma declaração do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante a apresentação do relatório trimestral de inflação do Brasil. Na ocasião, Neto afirmou que para a inflação ficar em 3% ao ano, ou seja, dentro da meta estabelecida, os juros teriam de ser de 26%.
“Ora, eu não sei se foi verdade que ele disse isso. Mas é, no mínimo, uma coisa não razoável de ser dita”, disse Lula da Silva.
O Presidente brasileiro tem feito críticas reiteradas à política monetária adotada pelo Banco Central, que manteve os juros do país em 13,75%, a taxa mais alta do mundo, e que tem provocado uma desaceleração da economia brasileira para tentar conter a subida de preços.
Segundo o portal 360, Lula da Silva disse que, se “tem alguém que estabelece uma meta que não vai cumprir, é que nem [como] você estabelecer uma meta para a sua vida que você sabe que não vai cumprir. Então não estabeleça meta que você estará mentindo para você mesmo”.
“Eu disse que não ia discutir meta porque esse é um problema da autonomia do Banco Central e do Senado, que aprovou a autonomia do Banco Central. Eu já tive o prazer de durante oito anos discutir meta, inflação, política monetária. Quando eu tinha relação com o presidente do Banco Central. Ele exerça a sua autonomia”, acrescentou.
A necessidade de ficar dentro da meta de inflação, que não foi alcançada nos últimos dois anos no Brasil pelo Banco Central liderado por Campos Neto, nomeado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro a quem apoiou publicamente na eleição presidencial de 2022, tem sido o principal argumento do órgão para manter a taxa de juros elevada, contrariando o desejo do atual Governo.
Setores da esquerda acusam Campos Neto de servir os interesses de Bolsonaro e lembram que ele foi fotografado a ir votar nas anteriores presidenciais vestido com as cores verde e amarelo, referência adotada pelos eleitores do ex-presidente, embora já comandasse um órgão de Estado com um mandato que terminará apenas no fim de 2024.
O presidente do Banco Central brasileiro também foi apanhado a integrar um grupo numa plataforma de conversa eletrónica por ex-ministros do antigo Governo, depois da posse de Lula da Silva, o que aumentou as suspeitas de quem coloca em causa a sua isenção.
A meta de inflação no Brasil é determinada pelo Conselho Monetário Nacional, composto pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pela ministra do Planeamento, Simone Tebet, e pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
As metas em vigor para este e os próximos anos são: 3,25% (2023), 3% (2024) e 3% (2025).
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