“Fidel lutou para alcançar o bem-estar, a paz, a honradez, a verdade e a satisfação das necessidades de toda a Humanidade, não apenas dos cubanos”, disse à agência Lusa Ismael Mendes Boulet, filho do marinheiro oriundo da Lousã, no distrito de Coimbra, que Fidel Castro condecorou em 1979, nos 20 anos do triunfo da Revolução Cubana.
Ismael Mendes, que nasceu e reside em Havana, elogiou a capacidade de liderança do dirigente histórico de Cuba, que morreu na sexta-feira à noite, aos 90 anos, bem como “o seu pensamento crítico e visão de futuro”, tanto na luta contra o ditador Fulgencio Batista como, a partir de 1959, quando ascendeu ao poder.
“Nestes momentos de dor para todo o país, incluindo a nossa família, posso afirmar que Fidel Castro é e será sempre o comandante-em-chefe da Revolução Cubana”, adiantou Ismael, engenheiro mecânico de aeronaves e major reformado das Forças Armadas Revolucionárias (FAR) de Cuba.
Falecido em Havana, em 1975, o pai de Ismael, Adelino Mendes, era filho de camponeses serranos da Lousã e, em 1936, integrou a Revolta dos Marinheiros, levantamento de praças e sargentos da Armada contra Salazar. Ingressou depois na Marinha Mercante.
Em 1941, em plena II Guerra Mundial, refugiou-se em Cuba e juntou-se aos comunistas do então Partido Socialista Popular (PSP), no qual já militava a costureira havanesa Maria del Cármen Boulet Rovira, com quem veio a casar e teve três filhos.
“Fidel era visto pelos meus pais como um homem de futuro. Meu pai e minha mãe lutaram com ele para lograr o bom porvir dos seus filhos, dos seres humanos de Cuba e de toda a Humanidade”, declarou Ismael, único dos filhos do casal luso-cubano ainda vivo.
A morte de Fidel Castro “é uma perda física imensa que abarca toda a nossa existência”, disse o major reformado, que trabalhou de perto com Raul Castro, quando o atual presidente cubano era ministro da Defesa.
O economista cubano Liber Mendes Corzo, filho de Ismael Mendes e Susana Corzo, também ela ex-militar, vive atualmente em Barcelona, Espanha.
“Os meus avós e a minha família sempre estiveram ao lado da revolução e, portanto, de Fidel”, declarou à Lusa o ex-docente da Universidade de Havana.
Fidel Alejandro Castro Ruz “foi muito importante para Cuba”, onde “não vai haver nenhuma mudança” de regime na sequência da sua morte, vaticiou.
“Temos a certeza de que não vai acontecer nenhuma mudança, mas sabemos que começa uma nova época para Cuba. Este é um momento histórico para os cubanos: alguns ficam contentes, outros tristes, mas nenhum fica indiferente”, acrescentou.
O líder histórico “decidiu a vida dos cubanos durante mais de meio século, para o bem ou para o mal”, salientou.
“Muitos fugiram da ilha porque não concordavam com a revolução, outros ficaram porque acreditavam na revolução e em Fidel. Mas ele sempre esteve presente na vida dos cubanos”, enfatizou Liber Mendes Corzo.
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