A Câmara de Macedo de Cavaleiros esteve nos últimos dias a contabilizar os danos das trovoadas do início do mês de junho e adianta que “ascendem a 230 mil euros”, sendo a freguesia dos Cortiços a mais afetada, mas há também outras aldeias com “perdas totais no cultivo de cereais e na ordem dos 90% nas hortícolas”.

O vereador da autarquia com a tutela da Proteção Civil, Paulo Rogão, avançou que “serão contactadas a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, para que sejam encontrados mecanismos para apoiar as explorações agrícolas”.

“É o futuro destas pessoas que está em causa pois, muitas vezes, o cultivo da terra é a base do sustento financeiro da família. Muitas destas pessoas têm a sua horta de onde retiram a produção para os alimentos do dia-a-dia”, vincou o autarca.

O levantamento dos prejuízos foi feito pela autarquia e já foi enviado à Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes, que o remeterá também às entidades competentes.

De acordo com o município, “os declives em que se encontram as aldeias, associados à forte queda de chuva e granizo, contribuíram para um cenário de destruição”.

Nas duas últimas semanas, os técnicos da Divisão de Ambiente e Serviços Urbanos e do EDRU — Gabinete de Empreendedorismo e Desenvolvimento Rural de Macedo de Cavaleiros estiveram nas localidades afetadas a efetuar o levantamento das situações.

No caso do domínio público, segundo o vereador, “os danos foram muito significativos, uma vez que o declive da aldeia de Cortiços contribuiu para uma enxurrada que arrancou o pavimento, em cubos de granito, e arrastou sinais de trânsito, mobiliário urbano e derrubou muros e guardas de proteção das vias públicas”.

Segundo o relatório final dos serviços da autarquia, verifica-se também “a necessidade de proceder à substituição da rede de evacuação de águas pluviais, pois ficou muito danificada”.

A Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Cortiços “foi muito afetada com a tempestade, levando à necessidade de intervenção para repor todo o seu normal funcionamento”.

“Entre os inúmeros trabalhos que precisam de ser feitos, contabilizamos uma verba na ordem dos 223 mil euros só no que diz respeito aos estragos causados em equipamentos do domínio público”, apontou.

Paulo Rogão salientou que “igualmente preocupantes são os estragos ao nível das culturas agrícolas, não só para esta colheita, mas também o futuro”.

De acordo com o levantamento feito, “na cultura do olival verificaram-se consequências nefastas, quer ao nível do arrastamento de terras quer a nível da produção, que se estima ter sido afetada em cerca de 30%”.

“Um cenário ainda mais gravoso” verifica-se nos hortícolas, “com perdas de 90% e não existindo qualquer possibilidade de recuperação, com a agravante de não poderem ser repostas pelos processos de sementeira e plantação”.

O município refere ainda que, no “caso dos cereais, onde as perdas são totais, pois encontram-se quebrados e envoltos em terra, não será possível o seu corte e debulha”.

Nas verificações efetuadas no terreno, “estima-se que as áreas afetadas rondem os 10 hectares no caso das hortícolas, 13 hectares de olival, oito no milho, três hectares de cereais afetados e quatro hectares de vinha e lameiros”.

“A destruição da estrutura do solo causada pela chuva intensa fez danos irreparáveis e afetarão as culturas futuras, além de que a perda permanente das camadas superficiais leva à redução da produtividade, depreciação da terra, perda de nutrientes e matéria orgânica”, explicou.

Nas aldeias de terrenos mais planos, como é o caso de Limãos, “os solos ficaram saturados de água e com os poros preenchidos o oxigénio não circula, o que diminui o crescimento das raízes, podendo levar à sua morte”.

Perante este cenário, o executivo municipal “sugere a realização de ações de sensibilização junto dos agricultores para a alteração de algumas práticas culturais com vista à conservação do solo e para a limpeza e manutenção de linhas de água naturais”.