"O incêndio que se iniciou na quarta-feira, dia 14 de agosto, no concelho da Ribeira Brava continua ativo, tendo-se propagado para a freguesia do Jardim da Serra, no concelho de Câmara de Lobos. Neste momento, vai em direção ao Curral das Freiras", indica a proteção civil do arquipélago, numa nota com o ponto da situação às 15:00.

Segundo o Serviço Regional da Proteção Civil da Madeira (SRPC), em declarações no início deste noite, o fogo “continua a avançar em direção ao Curral das Freiras”, mantendo uma frente ativa,“embora fora de zona habitacional”, na Ribeira Brava.

Esta frente "encontra-se numa área inacessível aos meios terrestres e, neste momento, é considerada sem perigo imediato”, segundo a mesma fonte.

Já no concelho vizinho de Câmara de Lobos, para onde o fogo se propagou na quinta-feira à freguesia do Jardim da Serra, existem duas frentes ativas: uma a sul que está a avançar para "uma área residencial, mas ainda a uma distância segura das habitações", e outra está em progressão à vereda da Encumeada.

Segundo o Serviço Regional de Proteção Civil, no combate às chamas estão envolvidas 11 viaturas e cerca de 35 bombeiros, com o apoio do meio aéreo e da equipa helitransportada.

No decorrer da intervenção, um bombeiro sofreu um sofrimento ligeiro e foi transportado para a unidade hospitalar, acrescenta a proteção civil.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara da Ribeira Brava, Ricardo Nascimento, indicou que hoje à tarde a situação nas zonas da Serra de Água e do Espigão está relativamente controlada, registando-se apenas alguns reacendimentos. Há, inclusive, chamas na Trompica, numa zona florestal que não ameaça habitações.

Ainda assim, o autarca admitiu preocupação “enquanto o fogo não estiver extinto”, e realçou que as temperaturas elevadas e o vento estão a dificultar o combate e podem potenciar reacendimentos.

No concelho vizinho de Câmara de Lobos, “a situação não está fácil”, reconheceu o presidente do município, Leonel Silva, à Lusa.

“O fogo está bastante ativo, infelizmente”, afirmou, referindo que estão duas frentes ativas, uma delas na zona da Boca da Corrida, com acesso “extremamente difícil” e com uma “significativa” área florestal já queimada.

Na zona da Achada, o fogo “ainda está longe das habitações”, estando, neste momento a “aproximar-se de uma zona agrícola”. “As condições climatéricas não estão favoráveis ao trabalho dos bombeiros”, lamentou o autarca.

Quanto à área ardida, os presidentes de Câmara dizem ainda não ter a contabilização.

Que meios estão no terreno?

Estes fogos rurais têm mobilizado bombeiros da Ponta do Sol e Ribeira Brava, Câmara de Lobos, e os Bombeiros Voluntários Madeirenses, assim como elementos da PSP e do Instituto de Florestas e Conservação da Natureza.

Também o meio aéreo do Serviço Regional da Proteção Civil, com a respetiva brigada helitransportada, tem sido mobilizado, mas de forma condicionada devido ao vento forte.

Encontram-se ainda no terreno elementos do Instituto de Florestas e Conservação da Natureza da Madeira e da PSP.

Um fogo debaixo de olho há dias

O incêndio deflagrou na quarta-feira de manhã, na Serra de Água, concelho da Ribeira Brava, numa zona de difícil acesso. As chamas propagaram-se na quinta-feira à noite às zonas altas do concelho de Câmara de Lobos, atingindo as serras do Jardim da Serra.

Segundo o Serviço Regional de Proteção Civil da Madeira, o combate ao fogo está a ser dificultado por estar a lavrar em áreas de difícil acesso aos meios operacionais pedestres.

Numa nota divulgada hoje de manhã, o Serviço Regional de Proteção Civil da Madeira indicava que o fogo rural se mantém ativo nas zonas da Trompica e Lugar da Serra, no concelho da Ribeira Brava.

Já na freguesia do Jardim da Serra, concelho de Câmara de Lobos, eram referidas "duas frentes ativas, uma virada a sul, em direção a uma zona habitacional, apresentando ainda um grande distanciamento de residências, e outra virada a norte, com progressão em direção à Vereda da Encumeada”, de acordo com a nota.

A imprensa madeirense dá conta de que este incêndio está a provocar uma intensa coluna de fumo, visível no Curral das Freiras.

O comandante de operações de socorro “solicitou a ativação do meio aéreo para eventual combate às chamas, priorizando o concelho de Câmara de Lobos, sendo aquele que poderá representar maior perigo no momento”.

O calor e os alertas

As costas norte e sul da Madeira, assim como as regiões montanhosas, encontram-se hoje sob aviso laranja (o segundo mais grave numa escala de três), devido ao tempo quente, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Sob aviso amarelo, o menos grave, está a ilha do Porto Santo.

A Proteção Civil pede à população para evitar deslocações para as áreas do incêndio, de forma a facilitar o trabalho dos operacionais no terreno e evitar “riscos desnecessários”.

Mas o calor não é de agora. A Madeira registou temperaturas médias mais elevadas do que o normal em julho, indicou hoje a Direção Regional de Estatística, destacando que a estação do Lugar de Baixo marcou 29 dias com temperaturas máximas superiores a 25 graus Celsius (ºC).

Em comunicado, a Direção Regional de Estatística (DREM) salienta que, comparativamente às temperaturas habituais para o mês de julho, “todas as estações para as quais foi possível disponibilizar esta informação (sete estações) apresentaram valores superiores, destacando-se o Chão do Areeiro com +3,6°C de desvio” face ao normal.

A temperatura média mais elevada foi registada na estação do Lugar de Baixo (24,1°C), no concelho da Ponta do Sol, zona oeste da ilha da Madeira, e a temperatura média mais baixa foi registada no Santo da Serra (18°C), nas zonas altas do município de Santa Cruz.

“No que respeita às temperaturas máxima e mínima absolutas registadas no mês de julho, o extremo máximo de 31,4°C foi registado na estação do Pico Alto”, no dia 25, adianta a DREM, acrescentando que “o extremo mínimo foi registado na estação do Pico do Areeiro (6,6°C, no dia 02)”.

A autoridade regional destaca ainda que a estação meteorológica do Lugar de Baixo registou “29 dias com temperaturas máximas superiores a 25ºC, quando o valor do normal para esta estação é de 14,9 dias”.

No que diz respeito à precipitação, o valor mais elevado em julho ocorreu em Santana (48,4 milímetros), mas foi no concelho de São Vicente que se observou o maior valor diário de precipitação, de 19,9 milímetros.

A DREM indica, por outro lado, que os valores médios mensais da humidade relativa do ar variaram entre 44% no Pico do Areeiro e 95% no Santo da Serra.

“O valor mínimo diário da humidade relativa do ar (3%) foi registado na estação do Pico do Areeiro nos dias 05 e 13, enquanto o valor máximo (100%) foi atingido em sete estações, em diferentes dias do mês”, é referido na nota.

Quanto ao vento, a estação da Ponta de São Lourenço, no extremo leste da ilha da Madeira, registou a maior intensidade média (20,2 quilómetros/hora) e a estação do Monte, no Funchal, registou a média mais baixa (3,2 quilómetros/hora).

O número de horas de sol descoberto no mês de julho foi de 266,9 na estação Santa Catarina/Aeroporto e de 177,9 no Observatório do Funchal, “sendo que o valor normal deste mês desta última estação é de 220,5”.

A temperatura média da água do mar medida no Molhe da Pontinha, no Funchal, foi de 22,8°C, mais 1,2°C do que o valor da normal para este mês, indica a DREM, referindo que “a temperatura média mais alta foi registada nos dias 27 e 28 (24,1 °C) e a mais baixa (21,6 °C), no dia 01”.

(Notícia atualizada às 21h30)