“Vou romper relações com o WhatsApp, porque está a ser utilizado para ameaçar a Venezuela. E vou apagar o meu WhatsApp do meu telemóvel para sempre. Pouco a pouco ir passando os meus contactos para o Telegram, para o WeChat. Vocês entendem-me. É necessário fazer isso”, disse.
Maduro falava no palácio presidencial de Miraflores, em Caracas, perante jovens que participaram, segunda-feira, na “grande marcha de estudantes pela defesa da paz” que responderam ao anúncio com as palavras de ordem “Sim” e “Assim é que se governa”.
“Diz não ao WhatsApp. Fora o WhatsApp da Venezuela. Porque por ele os criminosos ameaçam a juventude, os líderes populares e da cidade. A partir de telefones da Colômbia, de Miami, do Peru, do Chile, os cobardes se escondem atrás do anonimato, mas eu digo aos fascistas covardes: vocês se esconderão, mas a juventude patriótica e revolucionária está nas ruas e nunca nos esconderemos”, disse.
“É hora de definições: Ou estás com a violência ou com a paz, com os fascistas ou com a pátria, com o imperialismo ou com a Venezuela. É tempo de definições, de que cada um se defina”, sublinhou Maduro “Ou amas e defendes a Venezuela, ou deixas que chegue o fascismo”, frisou o chefe de Estado.
Em resposta os jovens cantaram: “A pátria não se vende, a pátria se defende”.
“Comecemos pelo WhatsApp. Pelo WhatsApp estão a ameaçar a família militar venezuelana, a toda a função pública, a família policial, os líderes das ruas. Pelo WhatsApp estão a ameaçar todos os que não se pronunciem a favor do fascismo”, alegou o Presidente.
Maduro sublinhou que o “primeiro passo” deverá ser a “retirada voluntária e radical de WhatsApp” de maneira progressiva e explicou que ele próprio tem 500 contactos em 10 grupos no Telegram.
“E comecei agora mesmo. (..) Estou no WeChat chinês, que é muito bom (…) E ao WhatsApp lhe dizemos: Vai-te lixar. Parem de ameaçar os venezuelanos. Porque é por criminosos com chips colombianos, chilenos, norte-americanos, disse.
Maduro defendeu que os jovens já viram “a cara do fascismo” — expressão que o chefe de Estado geralmente usa para descrever os opositores — e garantiu que a oposição nunca mais voltará ao poder político na Venezuela.
Na véspera, o presidente tinha anunciado que as redes sociais estão a ser usadas para promover "divisão" e "ódio" entre os venezuelanos e apontou diretamente ao Instagram e ao TikTok.
"Acuso o Instagram pela sua responsabilidade na instalação do ódio para dividir os venezuelanos, para procurar uma matança e uma divisão na Venezuela, para trazer o fascismo para a Venezuela", assegurou.
Maduro pediu publicamente "recomendações" a seus funcionários de segurança para regular o uso das plataformas sociais, nas quais foram divulgadas imagens e vídeos dos protestos contra sua reeleição, assim como denúncias sobre as operações das forças de segurança, que resultaram em mais de dois mil detidos, segundo o próprio presidente.
O mandatário foi declarado pela autoridade eleitoral o vencedor das eleições presidenciais de 28 de julho com 52% dos votos contra 43% para o seu principal adversário, o opositor Edmundo González Urrutia, que denuncia fraude e exige a apresentação pública de todas as atas eleitorais.
O Conselho Nacional Eleitoral não divulgou resultados detalhados da votação e alega que o seu sistema foi hackeado.
A difusão de "mensagens de ódio" mas redes sociais pode levar a penas de 10 a 20 anos de prisão na Venezuela, segundo uma lei aprovada em 2017.
*com agências
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