“Ela [Inês Sanches] vai responder a tudo”, disse aos jornalistas a advogada Ana Calado Nunes, após mais uma sessão do julgamento, em que foram ouvidas duas testemunhas.

A advogada justificou a alteração de posição com a “estratégia de defesa” da mãe da menina de três anos que morreu em 20 de junho de 2022, alegadamente devido aos maus-tratos que lhe terão sido infligidos durante cinco dias, quando esteve retida em casa de Ana Pinto para garantir o pagamento de uma dívida de Inês Sanches por atos de bruxaria.

Ana Pinto, o marido, Justo Ribeiro Montes, e a filha, Esmeralda Pinto Montes, estão a ser julgados pelos crimes de homicídio qualificado consumado, rapto, rapto agravado e coação agravada.

Estes três arguidos e Eduardo Montes, filho de Ana Pinto e Justo Ribeiro Montes, estão ainda acusados de um crime de violação agravado e de um crime de tráfico de estupefacientes agravado.

A mãe de Jéssica está acusada dos crimes de homicídio qualificado e de ofensas à integridade física qualificada, por omissão.

Antes da interrupção dos trabalhos para almoço, o coletivo de juízes que está a julgar o caso no Tribunal de Setúbal ouviu duas testemunhas.

A primeira testemunha a ser ouvida foi Ana Cristina Marques, que disse ter visto Inês Sanches com a menina deitada ao colo e tapada com uma manta, enquanto estava à conversa com Ana Pinto e Esmeralda Montes, poucas horas antes de ter sido declarado o óbito da criança no Hospital de São Bernardo, em Setúbal.

Outra testemunha, Maria Gertrudes Barafusta, proprietária de uma mercearia perto da casa da família Montes, disse ao coletivo de juízes do Tribunal de Setúbal que Ana Pinto se deslocou à loja durante a tarde do dia em que Jéssica morreu, para lhe comprar uma garrafa de dois litros de lixívia, líquido que poderá ter sido, eventualmente, utilizado para eliminar vestígios de alegadas agressões à criança.