Numa mensagem em vídeo gravada a partir da cidade de Salekhard, no Ártico, Lyudmila Navalnaya informou que lhe foi permitido ver o corpo do filho na morgue da cidade e que reafirmou na mesma ocasião a exigência para que o corpo de Navalny fosse entregue à família.

“Estão a chantagear-me, ao estabelecer as condições sobre onde, quando e como o meu filho deve ser enterrado”, denunciou Lyudmila Navalnaya, avançando que as autoridades russas querem avançar com um funeral secreto, “sem uma cerimónia de despedida”.

Segundo Lyudmila Navalnaya, as autoridades já apuraram a causa da morte e “todos os documentos legais e médicos estão prontos”, tendo a equipa do opositor do Kremlin (presidência russa) referido que a causa da morte está descrita como “natural”.

A viúva de Navalny, Yulia Navalnaya, escreveu hoje na sua conta na rede social Instagram que se deslocou para visitar a sua filha, de 20 anos, Dasha, uma estudante da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.

“Minha querida, vim abraçar-te e apoiar-te e tu sentaste e apoias-me”, lê-se na legenda que acompanha uma foto da mãe e filha deitadas num tapete.

Descrevendo a filha como “forte, corajosa e resiliente”, Navalnaya disse que a família “definitivamente lida com tudo”.

A família de Navalny, que inclui ainda Zakhar, de 15 anos, pretende que o corpo do opositor seja entregue, tendo Lyudmila Navalnaya apresentado uma ação na quarta-feira num tribunal de Salekhard, perto da prisão onde o filho morreu.

Lyudmila Navalnaya contestou a recusa das autoridades em libertar o corpo, segundo a agência de notícias estatal russa TASS, que acrescentou que uma audiência, à porta fechada, foi marcada para o próximo dia 04 de março.

As tentativas para recuperar o corpo começaram no dia após a morte do seu filho, a 16 de fevereiro, altura em que era desconhecido o paradeiro do corpo.

Na terça-feira, Navalnaya apelou ao Presidente russo, Vladimir Putin, que lhe fosse entregue o corpo para garantir um funeral com dignidade.

“Não me entregam o corpo e nem me estão a dizer onde está”, declarou então Navalnaya.

As autoridades russas disseram ser desconhecida a causa da morte de Navalny e recusaram entregar o corpo enquanto o inquérito preliminar decorresse, ou seja, num período de duas semanas.

Num vídeo divulgado na segunda-feira, Yulia Navalnaya também acusou o Presidente Putin de matar o marido e alegou que a recusa em entregar o corpo fazia parte do encobrimento.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, rejeitou as acusações, chamando-as de “acusações absolutamente infundadas e insolentes sobre o chefe do Estado russo”.

Alexei Navalny morreu a 16 de fevereiro, aos 47 anos, numa prisão do Ártico, onde cumpria uma pena de 19 anos.

Os serviços penitenciários da Rússia indicaram que Navalny se sentiu mal depois de uma caminhada e perdeu a consciência.

Destacados dirigentes ocidentais, a família e apoiantes do opositor responsabilizam Vladimir Putin pela sua morte.