De acordo com a ESA, que hoje divulgou os números provisórios do número de candidatos da nova campanha de recrutamento de astronautas, por Portugal concorreram 260 homens, incluindo quatro com alguma deficiência física, e 61 mulheres.
O processo de candidaturas foi aberto em 31 de março e terminou na sexta-feira passada, 18 de junho. Estão abertas vagas para quatro a seis astronautas permanentes e para 20 astronautas de reserva, incluindo pela primeira vez um astronauta com alguma deficiência física (que pode ser uma altura inferior a 1,30 metros, uma ou duas próteses abaixo do joelho ou ao nível do tornozelo e dismetria, diferença de comprimento entre pernas).
Ao todo, candidataram-se 22.846 pessoas de 25 países europeus elegíveis, incluindo 257 com alguma deficiência física. Do total de candidatos, 17.367 são homens e 5.479 são mulheres.
Desde 2008 que a ESA, da qual Portugal é Estado-membro desde 2000, não recrutava astronautas. A agência fê-lo agora a pensar em futuras missões à Lua ou mesmo a Marte e tendo em vista aumentar o número de mulheres no espaço.
Atualmente, a única mulher do corpo ativo de sete astronautas da ESA é a italiana Samantha Cristoforetti, a primeira pessoa que fez um café expresso na Estação Espacial Internacional (EEI), na órbita da Terra, e que em 2022 se tornará na primeira europeia a comandar a EEI.
No recrutamento anterior da ESA, de 2008, apresentaram-se 8.413 candidatos (7.043 homens e 1.287 mulheres), dos quais 210 portugueses (192 homens e 28 mulheres).
“Quando comparados com os valores de 2008, vemos que Portugal teve um acréscimo de mais de 50% no número de candidatos, o que é significativo, mas talvez o mais importante a reter seja o facto do número de mulheres portuguesas que querem ser astronautas ter duplicado, o que nos deixa muito satisfeitos”, congratulou-se Hugo Costa, membro da direção da agência espacial portuguesa Portugal Space, citado em comunicado pela entidade.
Segundo Hugo Costa, o aumento do número de candidatos portugueses é o “resultado do crescimento das atividades espaciais em Portugal, o que aumenta a atração pelo setor”, mas também é o “reflexo da excelente qualidade dos recursos humanos que saem das universidades nacionais à procura de desafios realmente extraordinários e que são, sem dúvida, um alento para o futuro do espaço em Portugal”.
França, Alemanha e Itália são os três países com mais candidatos, Portugal é 11.º país, entre 22 Estados-membros e três Estados-associados da ESA.
Depois de validadas as candidaturas, seguir-se-á a seleção dos candidatos, um processo exigente de várias etapas, com testes técnicos, cognitivos, de coordenação motora e de personalidade, exercícios individuais e em grupo, provas médicas e entrevistas, que só deverá ficar concluído em outubro de 2022.
O novo processo prevê a seleção de quatro a seis pessoas para a equipa permanente de astronautas da ESA e um máximo de 20 pessoas para fazerem parte de uma reserva, incluindo um ‘parastronauta’.
Com o programa ‘Parastronauta’, a ESA pretende estudar as condições e tecnologias que garantem missões seguras também a pessoas com deficiência.
Aos quatro a seis candidatos recrutados, que ingressam na ESA como astronautas de carreira, será proposto um contrato de trabalho com a duração inicial de quatro anos.
Pela primeira vez, a ESA vai estabelecer uma reserva de astronautas, composta por candidatos que não foram recrutados mas que foram igualmente bem-sucedidos em todo o processo de seleção.
Apesar de não terem um contrato de trabalho com a ESA, podem ser convocados para missões espaciais específicas, pelo que mantêm um certificado médico anual e beneficiam de treinos sobre os programas da agência.
Atualmente, o corpo ativo de astronautas da ESA é formado por sete astronautas – de Itália (2), Alemanha (2), Reino Unido (1), Dinamarca (1) e França (1).
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