A principal avenida de São Paulo foi palco de atuações de conhecidos artistas brasileiros, enquanto os participantes aplaudiram discursos de ativistas LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgéneros) que apelaram à resistência face à onda de política conservadora que atualmente se vive no Brasil.
“Por tudo o que passámos com a eleição, este é um dos mais importantes desfiles de orgulho para mostrar que estamos aqui, vamos continuar aqui para existir e resistir”, disse um dos organizadores da marcha, Diego dos Santos Oliveira, numa alusão à tomada de posse de Jair Bolsonaro, ex-capitão do Exército que assumiu o cargo como Presidente do Brasil a 01 de janeiro e que chegou a descrever-se como um “orgulhoso homofóbico”.
“Eu farei tudo o que puder com a minha voz, por todos vocês, porque estamos juntos nisso”, prometeu a cantora Luísa Sonza ao público. “Viva o amor! Não ele!”, gritou, numa declaração anti-Bolsonaro.
Alguns desfiles empunharam cartazes nos quais se pedia a saída do Presidente. “Não estaremos no armário nem no túmulo. Fora com Bolsonaro”, podia ler-se numa faixa.
Enquanto São Paulo acolhe uma das maiores ‘paradas de orgulho’ do mundo e o Rio de Janeiro é um destino turístico ‘gay’ bem conhecido, a população LGBT no Brasil sofre altos níveis de violência.
De acordo com o grupo ativista Grupo Gay Bahia, 141 pessoas LGBT foram mortas em crimes homofóbicos ou cometeram suicídio entre janeiro e 15 de maio deste ano – uma média de uma a cada 23 horas.
Muitos ativistas defendem que a retórica anti-gay de Bolsonaro incita ou legitima a violência contra as pessoas LGBT.
Bolsonaro chegou a declarar que preferiria ter um filho morto do que um filho ‘gay’, e fez manchetes em abril ao dizer aos jornalistas que o Brasil “não pode ser um país do mundo ‘gay’, do turismo ‘gay'”.
Ativistas LGBT venceram uma grande batalha neste mês, quando o Supremo Tribunal do Brasil votou pela criminalização da discriminação contra homossexuais e transgéneros.
Bolsonaro criticou a decisão como “totalmente errada” e disse que vai “aprofundar as guerras de classe”.
Por outro lado, afirmou ainda que a decisão prejudicaria as pessoas LGBT porque os empregadores estariam menos inclinados a contratar funcionários LGBT por medo de serem levados a tribunal por fazerem uma simples piada.
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