Segundo os organizadores do protesto, convocado pelo movimento “Um ‘Activismo’ Por Dia”, participaram cerca de 400 pessoas, entre as quais as deputadas do PS Isabel Moreira e do Bloco de Esquerda Isabel Pires e Sandra Cunha, além do candidato bloquista à Câmara de Lisboa, Ricardo Robles.
Os manifestantes empunhavam bandeiras com as cores do arco-íris, símbolo da comunidade LGBT (Lésbicas, 'Gays', Bissexuais e Transgénero), e cartazes onde se lia “Stop Homofobia”, “Não à Violência” ou “Homofobia é Arma Letal”, enquanto entoavam cânticos como “A nossa luta é todo o dia contra o machismo e a homofobia” ou “Tortura não, nem campos de concentração”.
Alguns também exibiam cartazes com a imagem do Presidente russo, Vladimir Putin, maquilhado, cuja divulgação foi recentemente proibida pelo regime russo.
O reputado jornal russo Novaya Gazeta noticiou este mês que a polícia chechena prendeu mais de cem homens suspeitos de serem homossexuais e que pelo menos três destes foram mortos. As autoridades da Tchetchénia, uma república russa de maioria muçulmana, negaram, mas o alto-comissário para os Direitos Humanos das Nações Unidas incitou o Governo russo a investigar o caso.
Durante o protesto, João Miguel, um dos representantes da organização, leu uma carta aberta que pede “ação da Assembleia da República e do Presidente da República”, Marcelo Rebelo de Sousa.
“Exortamos que, sendo Portugal signatário da Declaração Universal dos Direitos Humanos e perfilando umas das legislações mais respeitosas para com todas/os as/os indivíduos, faça pressão internacional e diplomática para que a dignidade humana seja respeitada”, pedem os signatários do documento.
Em declarações à Lusa, João Miguel condenou o que disse ser um “ataque brutal aos direitos humanos” e que comparou à perseguição dos judeus durante o nazismo.
Várias organizações associaram-se ao protesto, entre as quais a UMAR, a Rede EX-Aequo, Por Todas Nós, ou a associação de estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa.
André Faria, da Rede Ex Aequo – associação de jovens lgbti (lésbicas, ‘gays’, bissexuais, trans, intersexo) e apoiantes -, propôs que o Governo ofereça às vítimas de perseguição o estatuto de “asilo político com base na perseguição pela orientação sexual”.
“Portugal, pelos avanços legislativos que tem feito, deve transmitir essa imagem, até para incentivar outros países a fazerem o mesmo. Estas pessoas estão a fugir para os países vizinhos”, referiu.
O candidato do Bloco de Esquerda à Câmara de Lisboa, Ricardo Robles, considerou que os relatos de detenções e morte de homossexuais na Tchetchénia “é o pior do que assistimos no século XX”.
“Os campos de concertação nazi foram os últimos campos onde a comunidade ‘gay’ foi detida e exterminada e não podemos deixar que este horror se repita”, sustentou.
Isabel Moreira defendeu que está em causa um “retrocesso” em matéria de direitos humanos e denunciou o que disse ser uma apatia generalizada por se tratar de homossexuais.
A deputada socialista reclamou uma posição do secretário-geral das Nações Unidas, argumentando que se estivesse em causa uma perseguição a uma minoria étnica, o português António Guterres já se teria pronunciado.
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