“Arrependo-me da segunda candidatura à Presidência da República, não da primeira”, disse o antigo dirigente socialista em resposta ao ‘podcast’ do grupo parlamentar socialista, “Tem a palavra”, que será divulgado na terça-feira.
Manuel Alegre considerou que “provavelmente teria ganho as eleições” presidenciais de 2005, não fosse a sua zanga com o seu amigo Mário Soares, que voltou a entrar na corrida a Belém apoiado pelo PS, então liderado por José Sócrates.
Mas “o que lá vai, lá vai” e a zanga durou até Mário Soares lhe telefonar um dia para lhe dizer: “O que lá vai, lá vai”. “Assim, começámos como queridos amigos e acábamos como queridos amigos”.
Para o ex-candidato a Belém, se fosse vivo, Soares “diria coisas boas e desagradáveis”, mas que “fazia falta que o PS e o país ouvissem”.
Sobre o atual Presidente, Manuel Alegre defendeu que “tem um papel muito interventivo, por vezes bom, serena os espíritos, outras vezes complicativo”, relevando que “o Partido Socialista tem tido muita prudência, dado que a cooperação institucional é importante para a estabilidade”.
Quanto ao cenário de dissolução da Assembleia da República e convocação de legislativas antecipadas, outra vez, o antigo dirigente do PS entende que não vai acontecer.
“O Presidente da República não pôs em causa a estabilidade, apenas faz comentários demais, isso é um facto. Faz comentários demais e esses comentários depois dão origem a especulações, mas ele foi muito claro em dizer que não estava no seu espírito ou vontade dissolver a Assembleia da República”, disse.
Alegre considerou também que, “independentemente de alguns erros cometidos e de outros episódios acerca dos quais muito se tem falado”, o PS “tem motivos para se orgulhar daquilo que fez nos últimos sete anos”, porque além de ter mantido as “contas públicas certas”, aprovou “leis importantes”, designadamente as as leis de bases da saúde, habitação e clima.
“Contribui para alterar a sociedade”, trazendo “melhorias substanciais” na vida dos portugueses, refere.
Abordando os populismos de extrema-direita, da Hungria aos Estados Unidos, passando por Israel, Manuel Alegre comentou que “antigamente a democracia era derrubada com tanques, metralhadoras e tropa na rua, agora é por dentro que se faz essa desconstrução”.
“A democracia não é totalmente liquidada, mas deixa de ser democracia plena. E é isso que também alguns gostariam que acontecesse em Portugal”, afirmou, numa referência clara à extrema-direita parlamentar e aos inimigos do regime democrático.
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