João Cravinho disse que José Sócrates não quis combater a corrupção. Constaça Urbano de Sousa, ex-miistra e atual deputada do PS na Assembleia da República, sugeriu que a memória de Cravinho está “afetada”, desvalorizando as críticas.
Manuel Alegre disse ao ‘Expresso’ que as palavras da deputada “foram um insulto, uma canalhice e uma falta de respeito por pessoas que tiveram um papel histórico no partido”.
E vai mais longe, dizendo que também ele se sentiu insultado, confessando-se “muito maldisposto”. Para o histórico socialista, a crítica de Urbano de Sousa é “uma falta de respeito imprópria da vida democrática”.
Afinal, “a corrupção é um problema das democracias” e “o PS deve ter um papel fundamental a combater-la”, defendeu.
Na segunda-feira, na SIC Notícias, João Cravinho, "histórico socialista" e antigo ministro do primeiro executivo liderado por António Guterres (1995/1999), também autor de um anteprojeto sobre criminalização do enriquecimento ilícito, considerou que, durante o primeiro governo PS de maioria absoluta, entre 2005 e 2009, não houve vontade de combater a corrupção.
"O PS não pode fingir que não houve um período em que o partido tinha maioria absoluta e empenhou toda a sua capacidade política, legitimada pelo seu secretário-geral [José Sócrates], que também era primeiro-ministro, contra a ideia de se combater sistemicamente a fundo a corrupção. Isso é que faz parte da história do PS", declarou João Cravinho.
Na resposta, a vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS Constança Urbano de Sousa, em declarações à TSF, afirmou que João Cravinho parece "estar com a memória um pouco afetada".
Para Constança Urbano de Sousa, a luta do PS contra a corrupção foi sempre uma constante. "Desde há muitos anos, há décadas, diria eu, quase praticamente toda a legislação que nós temos hoje no domínio da luta contra a corrupção foi aprovada pela mão do PS. Mesmo durante o Governo de José Sócrates, o chamado pacote Cravinho foi praticamente todo concretizado", sustentou.
A ex-ministra da Administração Interna referiu ainda que "a única medida do chamado pacote Cravinho que não foi aprovada — e o PS nunca apoiou — foi a do enriquecimento ilícito".
O PS não avançou com a iniciativa "por a considerar à época, como considera hoje, inconstitucional, o que foi confirmado, não uma vez, mas duas vezes, pelo Tribunal Constitucional", alegou Constança Urbano de Sousa.
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