“Nunca me passou pela cabeça essa ideia que seria simultaneamente estúpida e egoísta. Estúpida porque só um político muito estúpido ia sacrificar 200 pessoas por causa de partir um dia mais cedo ou um dia mais tarde numa visita que se reajusta facilmente”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente acrescentou que seria também uma ideia egoísta e que, por causa disso, a Presidência da República “nunca contactou ninguém sobre isso”.
Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas na aldeia de Valongo de Milhais, concelho de Murça, depois de questionado sobre o teor do polémico email do ex-secretário de Estado das Infraestruturas, que se tornou público na comissão parlamentar de inquérito sobre a gestão da TAP.
O Chefe de Estado frisou ainda que, quando a questão foi colocada ao Chefe da Casa Civil no dia 11 de fevereiro do ano passado, foi explicado “que era um disparate”.
Já na quarta-feira, a Presidência da República afirmou, numa nota escrita, que nunca contactou a TAP nem nenhum membro do Governo para uma mudança de um voo de regresso de Moçambique em março de 2022.
“A Presidência da República nunca contactou a TAP, nem nenhum membro do Governo sobre tal assunto. A Presidência da República nunca solicitou a alteração do voo da TAP, se tal aconteceu terá sido por iniciativa da agência de viagens”, lê-se na nota, enviada à agência Lusa.
Na mesma nota, a Presidência da República referiu que “o Presidente da República deslocou-se a Moçambique em março de 2022” e que “a viagem foi tratada pela agência de viagens habitual, que terá feito várias diligencias e acabou por encontrar uma alternativa com a TAAG, via Luanda, no dia 23, mas o regresso de Moçambique acabou por se verificar a 21 de março de 2022, num voo regular da TAP (TP182)”.
Na terça-feira, na comissão parlamentar de inquérito sobre a TAP, o deputado da Iniciativa Liberal Bernardo Blanco confrontou Christine Ourmières-Widener com uma troca de emails com o então secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Mendes, sobre uma eventual mudança de data de um voo que tinha como passageiro o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa e que não chegou a acontecer.
Nesse email que dirigiu à presidente executiva da TAP, o ex-secretário de Estado das Infraestruturas Hugo Mendes argumentava que era importante manter o apoio político de Marcelo Rebelo de Sousa, considerando que era o “principal aliado” do Governo mas que poderia tornar-se o “pior pesadelo”.
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