Durante uma visita ao Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (EMCDDA), em Lisboa, o chefe de Estado afirmou que "Portugal fez neste domínio uma aceleração, um avanço espetacular em termos europeus e mundiais", que "aconteceu a partir dos anos 80, mas sobretudo nos anos 90 e na viragem do século".
"O exemplo português foi um exemplo em termos de visão de serviço público, de prevenção, de comportamento ou se quiserem consenso nacional sobre as políticas públicas no domínio da toxicodependência. Foi um exemplo na Europa, porque, da direita à esquerda, os governos passavam, mudavam, e a política continuava", considerou.
Marcelo Rebelo de Sousa relatou que, nesse período, amigos seus europeus lhe perguntavam: "Mas não há um choque político sobre isso?". E que a sua resposta era: "Não há".
"Houve coisas importantíssimas. Primeiro, consenso nacional. Segundo, continuidade das políticas, não pararam com os ciclos dos governos ou das legislaturas. E, terceiro, visão internacional", acrescentou.
O Presidente da República enalteceu em particular o contributo do médico João Goulão, que esteve à frente do extinto Instituto da Droga e Toxicodependência e atualmente dirige o Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), que acompanhou também esta sua visita, observando: "É um exemplo, ele está na mesma, não mudou, mas já o conhecemos há 30 anos".
O chefe de estado saudou também a liderança do EMCDDA, dirigido pelo belga Alexis Goocdeel, considerando que “já merece nacionalidade honorária, ao fim de 20 anos a viver em Portugal”.
Sobre o facto de o observatório europeu estar em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa disse que, "quando ele aqui foi implantado, em 1995, havia também uma então espécie de pacto nacional, não em tudo, mas neste pormenor".
Na altura, havia "um Presidente de esquerda [Mário Soares] e era um primeiro-ministro de centro-direita [Cavaco Silva]", referiu, defendendo que houve então uma "conjugação de esforços essencial".
No que respeita ao presente, Marcelo Rebelo de Sousa manifestou-se preocupado com "um ambiente de diminuição de prioridade política" no domínio da droga e da toxicodependência, face aos resultados alcançados, e com "a sofisticação dos novos produtos que apareceram e a mudança de padrões de consumo dos mais jovens".
Antes, o Presidente da República visitou a Agência Europeia de Segurança Marítima (EMSA), situada no edifício ao lado, que apontou como "uma agência muito especial", saudando o facto de ter "45% de mulheres".
Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou esta oportunidade para afirmar o europeísmo de Portugal: "Nós acreditamos na Europa, acreditamos na nossa União Europeia, sabemos que podemos conseguir mais em conjunto. Sabemos que temos na Europa um desenvolvimento sustentável que não existe em mais parte nenhuma do mundo".
"Às vezes, esquecemos isso, no meio das nossas águas agitadas, esquecemos quão felizes nós somos", considerou, num discurso em inglês.
(Notícia atualizada às 20:12)
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