“Dominado o fogo na área de Monchique, Portimão e Silves, e efetuada a avaliação pelo senhor primeiro-ministro e vários ministros, o Presidente da República considera estarem preenchidas as condições para seguir para o Algarve e visitar amanhã [sábado] a área atingida pelos fogos”, lê-se numa nota publicada no site da Presidência.
Marcelo Rebelo de Sousa atrasou das 17:30 para as 19:00 a reunião em Almancil, Loulé, distrito de Faro, com associações que se opõem à prospeção de petróleo no Algarve para se deslocar aos locais afetadas pelo fogo, que lavrou durante uma semana, destruiu quase 27 mil hectares e fez 41 feridos.
Na última semana, tanto o Presidente como o primeiro-ministro, António Costa, evitaram deslocar-se ao local, ao contrário do que aconteceu nos incêndios de junho e outubro de 2017, que causaram mais de 100 mortos, mas conjugaram agendas para as suas deslocações, hoje e sábado, depois de apagadas as chamas.
Na terça-feira, Marcelo Rebelo de Sousa disse que não se iria deslocar a Monchique, recordando as críticas que a Comissão Técnica Independente aos incêndios de Pedrógão Grande fez à sua ida ao terreno e de outros responsáveis políticos em junho de 2017, quando estavam ainda ativos os fogos na região.
“A comissão independente, um dos aspetos que considerou negativos foi a minha ida ao terreno, porque teria perturbado as operações de resposta e eu estou muito atento a que isso não seja considerado como prejudicial às operações de resposta”, lembrou em declarações aos jornalistas quando o fogo estava ainda longe de ser dominado.
No relatório da Comissão Técnica Independente aos incêndios de Pedrógão Grande, divulgado em 12 de outubro de 2017, é referido que, das audições efetuadas, “foi unânime a opinião, manifestada por operacionais, autarcas, agentes de proteção civil entre outros testemunhos, de que o PCO [Posto de Comando Operacional] estava permanentemente superlotado, desorganizado, desorientado, descoordenado, com autoridades políticas a intervirem também nas decisões operacionais”.
Com o incêndio em Monchique, que se propagou aos concelhos limítrofes de Silves e Portimão, com um perímetro estimado de 100 quilómetros, nenhum partido, à exceção do CDS, se pronunciou, remetendo todos os comentários para mais tarde, quando o incêndio fosse controlado.
Assunção Cristas, líder do CDS-PP, manifestou-se perplexa, na quarta-feira, com a duração do incêndio em Monchique, que já lavrava há seis dias, questionando o tempo que o comando nacional levou a assumir o seu combate.
A eurodeputada Marisa Matias, do Bloco de Esquerda, partido que cancelou dois comícios hoje e no sábado no Algarve, visitou hoje Monchique, acompanhada pelo deputado João Vasconcelos.
Para sábado, em Faro, o PCP marcou uma conferência de imprensa de Vasco Cardoso, da Comissão Política do partido, sobre as ilações e respostas a dar depois do incêndio de Monchique.
À direita, PSD e CDS nada têm agendado sobre a questão dos incêndios, admitindo fontes da direção social-democrata que o partido se pronuncie nos próximos dias, depois de recolher informações.
O incêndio, combatido por mais de mil operacionais e considerado dominado hoje de manhã, deflagrou no dia 3 à tarde, em Monchique, distrito de Faro, e atingiu também o concelho vizinho de Silves, depois de ter afetado, com menor impacto, os municípios de Portimão (no mesmo distrito) e de Odemira (distrito de Beja).
A Proteção Civil atualizou o número de feridos para 41, um dos quais em estado grave (uma idosa que se mantém internada em Lisboa).
De acordo com o Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais, as chamas já consumiram cerca de 27 mil hectares. Em 2003, um grande incêndio destruiu cerca de 41 mil hectares nos concelhos de Monchique, Portimão, Aljezur e Lagos.
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