Em declarações à agência Lusa, António Duarte Arnaut, ministro dos Assuntos Sociais no segundo Governo constitucional, liderado por Mário Soares, recordou o amigo e correligionário como “uma grande figura nacional de quem o país será sempre devedor”.
O antigo secretário-geral do Partido Socialista, fundado na Alemanha, em 1973, “não precisava de morrer para entrar na História de Portugal”, tendo dedicado “toda a sua longa vida à luta pela liberdade”, antes e depois da Revolução do 25 de de 1974, acrescentou.
“O Mário Soares foi um patriarca da liberdade no século XX”, disse, citando Almeida Garrett, que assim classificou Manuel Fernandes Tomás, magistrado e político vintista oriundo da Figueira da Foz, pelo seu papel liderante na revolução liberal de 1820 e na luta contra a monarquia absoluta.
No entanto, a liberdade defendida por Soares durante toda a vida está identificada com “uma democracia política ligada aos direitos sociais, à igualdade e à fraternidade”, sublinhou o antigo grão-mestre do Grande Oriente Lusitano – Maçonaria Portuguesa.
“Ele foi um dos grandes paladinos da democracia portuguesa”, salientou.
Para António Arnaut, de 80 anos, que dentro do PS teve algumas divergências com o companheiro agora desaparecido, “a sua partida representa um grande abalo para os amigos, os camaradas e o país”.
Desde 1965, quando os dois participaram na criação da Ação Socialista Portuguesa (ASP), que oito anos depois daria origem ao PS, “essa amizade nunca foi perturbada, apesar das divergências políticas”, frisou o fundador do Serviço Nacional de Saúde.
Mário Soares encontrava-se internado desde o dia 13 de dezembro, tendo sido transferido no dia 22 dos Cuidados Intensivos para a "unidade de internamento em regime reservado" do Hospital da Cruz Vermelha, depois de sinais de melhoria do seu estado de saúde.
No entanto, no dia 24, um agravamento súbito da situação clínica obrigou ao regresso do antigo Chefe de Estado à Unidade dos Cuidados Intensivos.
No dia 31 de dezembro, dia da última atualização feita pelo hospital sobre o estado de saúde do antigo primeiro-ministro e Presidente da República, Mário Soares continuava em "coma profundo", mas "estável e com parâmetros vitais normais".
Mário Soares, que morreu hoje aos 92 anos, desempenhou os mais altos cargos no país e a sua vida confunde-se com a própria história da democracia portuguesa: combateu a ditadura, foi fundador do PS e Presidente da República.
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