"Participou na luta contra a ditadura fascista portuguesa e por esse facto estivemos no mesmo lado no combate contra a ditadura", lembrou Chissano em declarações à RTP3, a partir de Moçambique.
Questionado sobre se os africanos lusófonos guardarão do Presidente da República português uma boa imagem, tendo em conta principalmente o seu papel nas independências, Chissano respondeu: "Boa imagem, sim, porque ele primeiro tentou satisfazer também a política portuguesa quando chefiou a delegação a Moçambique, mas uma vez convencido de que esse era o caminho [a independência de Moçambique], fez parte dos que queriam a libertação de forma imediata, portanto voltou a ser amigo".
Chissano disse depois que, durante as negociações, "estávamos a negociar com pessoas que outrora foram inimigas, mas ele nunca foi inimigo" e acrescentou: "Ele foi atacado em Portugal mas não por nós. Nós, nas colónias, temos muito respeito por ele".
Enaltecendo o "bem conhecido estadista", Chissano lembrou ainda o estabelecimento de relações com as antigas colónias portuguesas, "que levou mesmo aos inícios de criação da Comunidade de Países de Língua Portuguesa".
Mário Soares morreu hoje, aos 92 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, onde estava internado há 26 dias, desde 13 de dezembro.
O Governo decretou três dias de luto nacional, a partir de segunda-feira.
Soares desempenhou os mais altos cargos no país e a sua vida confunde-se com a própria história da democracia portuguesa: combateu a ditadura, foi fundador do PS e Presidente da República.
Nascido a 07 de dezembro de 1924, em Lisboa, Mário Alberto Nobre Lopes Soares foi fundador e primeiro líder do PS, e ministro dos Negócios Estrangeiros, após a revolução do 25 de Abril de 1974.
Primeiro-ministro entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, foi Soares a pedir a adesão à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1977, e a assinar o respetivo tratado, em 1985. Em 1986, ganhou as eleições presidenciais e foi Presidente da República durante dois mandatos, até 1996.
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