"Estou aqui para vos dizer que serei candidata à Presidência da República", começou por dizer Marisa Matias numa curta sessão de anúncio de candidatura no Largo do Carmo, em Lisboa, perante uma plateia unicamente constituída por profissionais da linha da frente no combate à pandemia e sem figuras do BE.
Marisa Matias explicou que se volta a candidatar ao Palácio de Belém porque para fazer uma "campanha contra o medo", apresentando-se como "socialista, laica e republicana", que vai à luta pelas suas ideias, "ao lado de quem não desiste de Portugal".
Para a bloquista, é o medo que destrói e que torna Portugal “um país pequeno e submisso, é o que provoca divisões, racismo, ódio, perseguições”, tendo sido perentória: “o medo divide, a República une”.
"Sou candidata frente a frente com Marcelo Rebelo de Sousa. É o presidente em funções e sei bem das diferenças com o passado", começou por referir.
Apesar dos caminhos onde se encontra com o atual chefe de Estado, como o apoio aos sem-abrigo ou aos cuidadores informais, a eurodeputada do BE assinalou que discorda de Marcelo "em questões essenciais", pedindo "o voto sobre essa diferença".
"Marcelo quer um regime político assente em mais do mesmo, eu quero um regime que responda à pandemia social e que acabe com os privilégios; ele aceitou um regime financeiro que se foi esvaindo em privatizações e negócios, eu quero uma banca pública de confiança; ele quer um sistema de saúde concedido em parte a hospitais privados, eu quero um Serviço Nacional de Saúde de qualidade para todos porque sei que, quando o comércio entra na Saúde, são os que menos têm que ficam a perder", distinguiu.
Nesta sua segunda corrida a Belém, Marisa Matias afirmou que não aceita a desigualdade e enfrenta-a.
“Não terei o voto dos mandatários das fortunas, mas estarei com os jovens trabalhadores que não aceitam empobrecer nesta segunda grande crise das suas vidas”, acrescentou.
A dirigente do BE assegurou que não é “candidata por jogos partidários, por ajuste de contas ou por necessidade de palco”.
“Portugal precisa de uma política socialista, porque é o pleno emprego, o fim da precariedade e o respeito pelo salário e pela pensão, é essa política que nos deve guiar nos meses mais difíceis do nosso século, o tempo de uma crise que ainda se vai agravar e que, no dia das eleições, ainda estará a fazer vítimas”, afirmou.
Para Marisa Matias, “Portugal precisa da laicidade do Estado e do ensino, da escola que trata toda a gente com o mesmo respeito e que defende as crianças e o seu direito a aprender e crescer nas melhores condições”.
“E Portugal precisa da República, da liberdade e da igualdade que nos torna a todos e a todas responsáveis pela nossa gente. A República é a terra de mulheres e homens, de crianças e adultos, de brancos e negros, de imigrantes e emigrados, sem discriminações, sem intolerância, sem perseguições. A liberdade e a igualdade são as minhas bandeiras”, enfatizou.
Marisa Matias volta a apresentar-se à corrida eleitoral para o Palácio de Belém, depois de em 2016 a eurodeputada e dirigente do BE ter conseguido o melhor resultado de sempre de um candidato presidencial da área política bloquista, ficando em terceiro lugar, com 10,12% dos votos.
Esta será a quarta vez que Marisa Matias irá protagonizar uma candidatura bloquista, tendo duas sido como cabeça de lista ao Parlamento Europeu (2014 e 2019) e a outra como candidata apoiada pelo BE às últimas presidenciais.
A seis meses do fim do mandato do atual Presidente da República, são já oito os pré-candidatos ao lugar de Marcelo Rebelo de Sousa, apesar de o nome de um deles ainda ser uma incógnita.
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