O diretor da Clínica Universitária de Estomatologia da Unidade Local de Saúde (ULS) Santa Maria, Francisco Salvado, disse à Lusa que a iniciativa se destina, sobretudo, a doentes cujas características os impedem de ser tratados em unidades de saúde privadas.

“O tratamento com implante é sobretudo feito nas instituições privadas, embora nas instituições públicas existam alguns doentes que têm indicação para fazer esse tratamento, e as instituições públicas responsabilizam-se pelo pagamento”, adiantou o também professor da Faculdade de Medicina de Lisboa (Cirurgia de Cabeça e Pescoço).

Segundo Francisco Salvado, são pessoas com doenças como cancro, diabetes grave, imunodeficiências, mas também doentes cujas dificuldades económicas os impedem de chegar a este tipo de tratamento e que foram avaliados “como necessitando urgentemente de reabilitação oral”, nomeadamente para se alimentarem.

Os médicos envolvidos na iniciativa estarão a receber formação em implantologia, incluindo cirurgia e reabilitação oral.

Na formação está envolvido todo o corpo clínico (cerca de 20 especialistas) do Serviço de Estomatologia (Clínica Universitária de Estomatologia), integrado na Faculdade de Medicina de Lisboa

“É uma parceria que nós fazemos entre a ULS Santa Maria e a Faculdade de Medicina”, disse Francisco Salvado, explicando que a ULS fornece as instalações e o capital humano e a faculdade de Medicina “o caráter científico, o capital humano científico, algumas instalações e, sobretudo, fornece a credibilidade para uma formação certificada”.

A formação é feita para médicos estomatologistas e médicos dentistas que se candidataram oficialmente à Faculdade de Medicina, tendo sido selecionados apenas 12 alunos, apesar de ter havido “bastante mais candidatos”, para que “o ensino seja muito apoiado”.

Além das aulas teórico-práticas, há uma parte clínica “muito importante” que é feita na Clínica Universitária de Estomatologia que implica “um acompanhamento muito próximo, até porque estes doentes têm características especiais”.

Sobre quantos doentes serão abrangidos, Francisco Salvado estimou que sejam cerca de 80, porque tem de se verificar, através de alguns exames, se podem fazer este tipo de tratamento com “toda a segurança”.

A parte teórica da formação começou em janeiro e a parte clínica com os doentes será a partir de finais de março, apontou.

Relativamente a custos para os doentes, explicou que na maior parte dos casos será uma comparticipação simbólica no material que é utilizado, uma vez que não está previsto no Serviço Nacional de Saúde uma comparticipação total.

Francisco Salvado disse esperar que esta formação seja “o primeiro passo” para que os doentes com estas características “possam no futuro ser tratados em todos os serviços de estomatologia” que lamentou serem poucos.

“Só os grandes hospitais é que têm serviços diferenciados de Estomatologia, mas eu penso que no futuro, e sobretudo com a nova atenção que se dá à saúde oral, provavelmente, haverá em outros hospitais novos serviços de Estomatologia, como já houve anteriormente e que foram depois sendo abandonados”, rematou.