No dia de ontem, a Polícia Judiciária realizou uma megaoperação na Madeira, que levou à detenção do presidente da Câmara Municipal do Funchal, Pedro Calado, do empresário do Grupo AFA Avelino Farinha, e do construtor civil Custódio Correia. Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional, também foi constituído arguído.

Para garantir discrição, e não colocar de sobreaviso os alvos das buscas, a Polícia Judiciária recorreu à Força Aérea Portuguesa, que transportou inspetores e peritos da PJ até ao Aeroporto Cristiano Ronaldo, na Madeira, no dia anterior às operações de buscas, que se realizaram na Madeira, mas também nos Açores e em Portugal Continental.

“A Polícia Judiciária sublinha ainda a colaboração da Força Aérea Portuguesa, cujo apoio foi crucial à montagem do dispositivo humano e logístico”, lê-se no comunicado emitido pela PJ. De acordo com o JN, foram mais de 200 elementos transportados, em dois aviões militares.

De acordo com a mesma publicação, os elementos transportados, depois de aterrarem no Aeroporto Cristiano Ronaldo, não se misturaram com os passageiros de voos comerciais, tendo seguido diretamente para os alojamentos, através de autocarros fretados pelo Ministério Público (MP) do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DIAP).

De recordar que o MP informou que as investigações que levaram à realização de buscas hoje nas regiões autónomas e no continente envolvem titulares de cargos políticos do Governo da Madeira e da Câmara do Funchal por suspeita de favorecimento indevido de sociedades/grupos.

“Existem suspeitas de que titulares de cargos políticos do Governo Regional da Madeira e da Câmara Municipal do Funchal tenham favorecido indevidamente algumas sociedades/grupos em detrimento de outras ou, em alguns casos, de que tenham exercido influência com esse objetivo”, indica o MP, numa nota publicada no site do DCIAP.

De acordo com o MP, em causa estão factos ocorridos a partir de 2015, “suscetíveis de consubstanciar crimes de atentado contra o Estado de direito, prevaricação, recebimento indevido de vantagem, corrupção passiva, corrupção ativa, participação económica em negócio, abuso de poderes e de tráfico de influência”.

O MP revela ainda que a investigação incide “sobre atuações que visariam condicionar/evitar a publicação de notícias prejudiciais à imagem do Governo Regional [PSD/CDS-PP/PPM] em jornais da região, em moldes que são suscetíveis de consubstanciar violação da liberdade de imprensa”.