Os trabalhadores, que realizam hoje um dia de greve, agendaram uma nova paralisação para 09 de novembro, se, até lá, não houver “negociações sérias” por parte da empresa.
Fernando Penida, da Federação dos Sindicatos de Transportes (Fectrans), afirmou que empresas do setor e trabalhadores têm estado a negociar “condições específicas para estes trabalhadores” e que algumas empresas, como a EVA, empresas do Algarve e a Rodoviária de Lisboa já negociaram.
“A Barraqueiro pura e simplesmente nega-se a negociar as condições especificas, que são os 750 euros de salário base e igualar as situações dos trabalhadores”, disse.
Segundo o dirigente sindical, o Grupo Barraqueiro tem regimes laborais muito diferentes, “uns com um horário de almoço mais alargado de três horas, quando auferem um subsídio de refeições na ordem dos 2,59 euros, outros [recebem] 5,99 euros”.
“Há uma disparidade enorme de valores tendo em conta que fazem todos o mesmo trabalho. Um motorista ganha atualmente 653 euros de ordenado base e precisa de andar aqui cerca de 12 horas por dia, podendo levar para casa um ordenado na ordem dos 900 euros”, explicou.
Os trabalhadores aprovaram uma moção com estas exigências para entregar à empresa, mas ninguém do grupo esteve disponível para a receber, segundo Fernando Penida.
Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP, foi apoiar o protesto, salientando que “não se pode viver num país em que sistematicamente os trabalhadores são desvalorizados”.
“Já depois do período da ‘troika’, estes trabalhadores continuam a ser duplamente penalizados, porque não veem os seus salários aumentados e, simultaneamente, porque todos os dias continuam a ser desrespeitados relativamente às competências e qualificações que têm”, afirmou, realçando que se trata de uma “profissão estratégica, pessoas que são responsáveis diariamente pela segurança de muitos milhares de utentes”.
Para o dirigente da CGTP, o respeito e a valorização destes trabalhadores “faz-se, por um lado, com a atualização dos salários, num quadro em que estas empresas continuam a ter elevados lucros, mas não só: também pelo desbloqueamento da contratação coletiva e pela melhoria das suas condições de trabalho”.
Oito transportadoras do grupo Barraqueiro fazem hoje uma greve de 24 horas, até às 03:00 de sábado, para reivindicar aumentos salariais.
Fernando Penida adiantou que a adesão à greve dos trabalhadores das oito transportadoras do grupo Barraqueiro, em termos globais e em números ainda provisórios, ronda os 70%.
Em declarações à Lusa, Luís Cabaço Martins, membro do conselho de administração do Grupo Barraqueiro, adiantou que, às 09:30, a adesão à greve era de cerca de 5%, um número ainda provisório.
O responsável considerou que "esta greve era completamente injustificada" e que está a ter um impacto reduzido junto dos passageiros.
“É uma reivindicação salarial que nos parece desprovida de sentido e injustificável porque as empresas que têm o pré-aviso de greve são as que melhor pagam no setor e acima daquilo que o sindicato negoceia. Portanto, ninguém percebe os fundamentos e é uma contradição”, afirmou o responsável, que ocupa também o cargo de presidente da Associação Nacional de Transportadores Rodoviários de Pesados de Passageiros (ANTROP).
A paralisação envolve as transportadoras Boa Viagem, Estremadura, Mafrense, Barraqueiro Alugueres, Barraqueiro Oeste, estas da empresa Barraqueiro Transporte, e ainda as empresas Isidoro Duarte, Rodoviária do Alentejo e JJ Santo António.
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