"Porque é que alguém, além da própria mulher, deveria ter o poder de determinar o que ela faz com o seu próprio corpo? O direito fundamental da mulher à liberdade individual, à sua própria vida, lhe concede a autoridade para interromper a gravidez se assim desejar", escreve Melania, numa passagem do livro citada pelo jornal.
"Restringir o direito de uma mulher escolher interromper uma gravidez indesejada é o mesmo que negar-lhe o controlo sobre o seu próprio corpo. Pensei nisso durante toda a minha vida adulta", acrescentou ela, de acordo com o The Guardian, que disse ter obtido uma cópia do livro.
A equipa de campanha da vice-presidente Kamala Harris, rival de Donald Trump nas eleições de 5 de novembro, reagiu.
"Infelizmente para as mulheres em todos os Estados Unidos, o marido da senhora Trump discorda veementemente dela e é a razão pela qual mais de uma em cada três mulheres americanas vivem sob a proibição do aborto de Trump, que ameaça a sua saúde, a sua liberdade e as suas vidas", disse a porta-voz da equipa, Sarafina Chitika.
Donald Trump disse hoje ao canal de TV Fox News que há opiniões diferentes sobre o aborto nos Estados Unidos, e que incentivou a sua mulher a exprimir-se com honestidade. "Conversamos sobre o assunto e eu disse-lhe "tens de escrever o que pensas. Não te vou dizer o que fazer."
Num vídeo a preto e branco publicado nas redes sociais, Melania Trump mostra-se evasiva. "A liberdade individual é um princípio fundamental que protejo. Certamente não há espaço para compromissos quando se trata deste direito essencial que todas as mulheres possuem desde o nascimento", disse ela, com música clássica ao fundo.
Donald Trump presume que a nomeação de três juízes conservadores para o Supremo Tribunal durante o seu mandato ajudou a derrubar o direito federal ao aborto em 2022. Desde então, pelo menos 20 estados impuseram restrições totais ou parciais, com a Geórgia, por exemplo, a proibir a maioria dos abortos após seis semanas de gravidez.
Os comentários de Melania Trump provocaram a ira dos antiabortistas. O seu apoio ao aborto "é antifeminista" e contrário à "fé católica", afirmou na rede social X Kristan Hawkins, presidente da organização Estudantes pela Vida.
Como a opinião pública é muito favorável ao direito ao aborto, Donald Trump ajustou um pouco a sua posição e tenta agora apresentar-se como um defensor dos "direitos reprodutivos".
Kamala faz campanha em defesa do direito ao aborto e, de acordo com as sondagens, os eleitores confiam mais nela nessa questão.
Antes de Melania Trump, outras mulheres de ex-presidentes republicanos pronunciaram-se a favor do direito ao aborto, como Nancy Reagan, Barbara Bush e Laura Bush, mas apenas muito tempo depois dos seus maridos terem deixado a Casa Branca.
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