México rejeitou neste sábado a implementação de leis locais contra a migração ilegal nos estados americanos da Florida e Kansas, alegando que levam a atos de "discriminação e criação de perfis raciais" contra a comunidade mexicana e hispânica.
O Ministério das Relações Externas do México expressou o seu "repúdio e preocupação" em relação à implementação das normas estatais a partir deste sábado, através de dois comunicados divulgados pela chancelaria e replicados pelos consulados de Miami e Orlando, na Florida, e Kansas City, no Estado do Kansas.
Sobre a lei da Florida, impulsionada pelo governador republicano Ron DeSantis, que aspira concorrer à Presidência em 2024, o Ministério das Relações Externas considerou que "afetará os direitos humanos de milhares de pessoas, incluindo meninas e meninos mexicanos".
Acrescentou que tal regulamentação exacerba "ambientes hostis que podem resultar em atos ou crimes de ódio contra a comunidade migrante" e "não reflete sua valiosa contribuição para a economia, sociedade e cultura da Florida e do país".
Entre as medidas incluídas na lei está a exigência de que empresas com mais de 25 funcionários utilizem o E-Verify, um sistema federal para verificar o status migratório das pessoas que desejam contratar.
A lei também obriga os hospitais que aceitam o seguro público Medicaid a recolher dados sobre o estado migratório de seus pacientes e torna crime, com pena de até 15 anos de prisão, o transporte de pessoas em situação migratória irregular de outro estado para a Florida.
"A intensidade dos laços comerciais e turísticos entre o México e a Florida não pode ser ignorada por medidas inspiradas em sentimentos xenofóbos e nacionalismo branco", advertiu o Ministério das Relações Externas mexicano no comunicado.
Além disso, informou que utilizará todos os recursos ao seu alcance "para defender os direitos e a dignidade das pessoas mexicanas na Florida".
Segundo a última estimativa publicada pelo Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos em 2021, cerca de 660.000 estrangeiros residiam em situação irregular na Florida em 2018.
No caso da lei anti-imigração do Kansas, o governo mexicano reconheceu o veto dado pela governadora democrata do estado, Laura Kelly, a essa lei "pelas suas potenciais implicações".
O Governo mexicano também afirmou que "é e continuará a ser respeituoso" com a ordem jurídica e as leis estatais dos Estados Unidos, mas ao mesmo tempo intensificará seus esforços para proteger a comunidade mexicana nesse país.
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